Após anos enfrentando dificuldades financeiras, a GameStop surpreendeu ao encerrar seu primeiro trimestre de 2025 com lucro — algo que não acontecia desde 2019. A mudança de rota vem com cortes significativos que incluem demissões, encerramento de lojas e foco nos fundamentos do negócio.
Agora, a companhia aposta alto em cartas colecionáveis como parte central da estratégia. O CEO Ryan Cohen defendeu a medida como uma “extensão natural” do varejo físico de jogos. Com alto potencial de margem, o setor ganha força na mira da empresa.
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Cartas colecionáveis como nova estratégia
A GameStop está se reposicionando com rapidez no mercado. Segundo Ryan Cohen, o interesse por cartas de troca — incluindo Pokémon, esportivas e outros colecionáveis — segue promissor e está alinhado à base de clientes da empresa.
A aposta no setor ocorre em um momento no qual as cartas alcançam novas alturas no mercado. Um exemplo notável do crescimento foi a venda de uma carta Pokémon em 2022 que ultrapassou US$ 5 milhões. Ao mesmo tempo, o valor associado a essas cartas vem alimentando crimes em larga escala.
O mercado e os riscos
O crescimento explosivo do setor de TCG (Trading Card Games) gerou uma onda de crimes ao redor do mundo. Autoridades de Tóquio registraram uma quantidade inédita de furtos envolvendo cartas ainda em 2022. Nos EUA, uma loja em Minnesota teve cerca de US$ 250 mil em produtos roubados. Já no Reino Unido, um homem foi preso depois de ser flagrado com um lote avaliado em mais de £250 mil (cerca de US$ 332.500).
Casos mais inusitados também chamam atenção:
- Um policial em Alabama perdeu o emprego por roubar cartas em um Walmart.
- Um assalto digno de filme foi registrado no Japão, com objetivo exclusivo de roubo de cartas Pokémon.
Cohen acredita que o apelo físico e o alto valor de revenda das cartas as tornam mais vantajosas do que software ou hardware. “Diferente dos jogos digitais, as cartas são táteis. E em comparação com hardware, têm margens bem maiores”, argumentou o CEO.
GameStop corta custos, fecha lojas e investe em ativos digitais
Além das cartas, outra mudança estratégica da empresa envolve criptomoedas. Em 2025, a GameStop revisou sua política de investimentos e passou a considerar o Bitcoin parte de sua reserva de tesouraria. A proposta foi aprovada por unanimidade pelo conselho, sem limite definido para a quantidade de criptoativos que poderá adquirir.
Contudo, o ajuste nesse sentido virá acompanhado de cortes significativos. A companhia já anunciou que pretende fechar um número ainda impreciso de lojas ao longo de 2025 — reflexo da reavaliação de sua atuação geográfica e de desempenho por unidade.
Mudança de perfil corporativo e foco em eficiência
Cohen também aproveitou sua fala aos acionistas para criticar práticas amplamente adotadas por grandes corporações. Segundo ele, a GameStop não se rende à “cultura de reuniões no Zoom nem a entregas de PowerPoint”. Entre as alfinetadas mais diretas, o CEO criticou:
- Remuneração exagerada de executivos;
- Iniciativas de DEI (diversidade, equidade e inclusão) movidas por imagem e não por mérito;
- Gerentes voltados para agradar analistas de curto prazo;
- Distribuição de ações a conselheiros que sequer comprariam ações da empresa por conta própria.
Segundo Cohen, a GameStop “não funciona dessa forma” e está focada em operar com rigor, reduzir custos e sustentar uma base de negócios enxuta e centrada em retorno.
Consolidação com base no modelo físico
O interesse renovado por cartas colecionáveis também se apoia em um diferencial claro: o valor do varejo físico. Enquanto o mercado digital cresce, o manuseio e a revenda de cartas exigem presença física — modelo que a GameStop conhece bem.
Com mais segurança em estoque, menos dependência de fornecedores digitais e um público-alvo bastante fiel, a companhia tenta aproveitar — e liderar — esse novo capítulo no mercado de colecionáveis. A aposta é ousada, mas vem respaldada por dados concretos sobre a valorização das cartas e engajamento do consumidor.
Embora o anúncio tenha derrubado as ações da empresa em 22% logo após a divulgação, o movimento mostra uma direção clara. Em vez de navegar apenas pelas tendências digitais, a GameStop busca fortalecer seu domínio em produtos físicos com alta rentabilidade.
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