Início » The Last of Us volta à qualidade, mas enfrenta desafios graves na trama

The Last of Us volta à qualidade, mas enfrenta desafios graves na trama

Publicado em
The Last of Us volta à qualidade, mas enfrenta desafios graves na trama — The Last of Us retorna ao bom ritmo com episódios envolventes, mas luta para preservar o peso de eventos cruciais da trama.

Após uma queda de qualidade em episódios anteriores, The Last of Us reencontra parte do equilíbrio que tanto agradou na primeira temporada. O aprofundamento de personagens secundários como Isaac reforça a construção do universo, oferecendo novos olhares e dimensões à história.

Ainda assim, permanece a preocupação sobre o tratamento de eventos centrais da trama, como a morte de Joel. A falta de flashbacks e o ritmo emocional mais brando comprometem o impacto dramático e o ciclo de vingança que deveria mover as protagonistas.

Aprofundando o universo através de Isaac

O episódio mais recente aproveita o recurso narrativo de expandir personagens pouco desenvolvidos nos jogos. Isaac, líder da WLF, vivido por Jeffrey Wright, ganha camadas jamais exploradas nas mídias anteriores. Revelar sua trajetória, motivações e, principalmente, sua brutalidade, traz peso político e moral à guerra entre facções e fortalece a atmosfera conflituosa do mundo de The Last of Us.

A inclusão de cenas com Isaac também oferece um contraponto interessante aos Serafitas, outro grupo que começa a ganhar espaço narrativo. Os episódios revelam a tensão crescente entre os dois lados, ainda que faltem enfrentamentos diretos. Há uma expectativa construída de forma eficaz quanto ao desenrolar desse conflito — uma disputa de sobrevivência marcada por fé, ideologia e violência.

Fidelidade ao jogo renova esperança dos fãs

A ambientação em Seattle reforça o comprometimento visual da HBO em adaptar os jogos com precisão. Locais como a loja de música e os túneis do metrô foram retratados com imenso cuidado, agradando fãs mais exigentes. A sequência da torre de transmissão da WLF e a perseguição nos trilhos — com atuações intensas de Bella Ramsey e Isabela Merced — demonstram esse compromisso visual e emocional.

Essa fidelidade também contribui para a sensação de urgência e perigo, resgatando o clima tenso do jogo. O fato de Ellie e Dina fugirem em pânico, com direito a momentos de extrema vulnerabilidade, conecta a audiência ao lado mais humano das protagonistas. No entanto, quando o episódio entrega momentos mais íntimos, como a revelação da gravidez de Dina, a condução da cena escapa do tom mais sombrio adotado no game.

Tratamento superficial da morte de Joel

Apesar de alguns acertos, a série falha em manter o peso emocional da morte de Joel. A ausência de flashbacks significativos compromete a profundidade do luto de Ellie e o vínculo com o personagem. Isso se reflete especialmente na motivação da jovem em seguir adiante com a vingança, que no jogo acontece de forma visceral.

Na série, o luto dá lugar a piadas e situações que diluem o senso de perda. Ao invés de sustentar a tensão emocional, a trama suaviza situações como a revelação da imunidade de Ellie e a gravidez de Dina. No jogo, essas cenas são tratadas com sobriedade e peso dramático. Já na série, o tom flerta com o banal, o que compromete a empatia do público.

Outro problema é a maneira como a série retrata a relação entre Ellie e Dina após a tragédia. Em vez de demonstrar como o trauma as aproxima ou afasta, o roteiro opta por aproximações românticas repentinamente leves. O senso de urgência e profundidade emocional é interrompido por alívios cômicos que se mostram deslocados.

Pontos altos e preocupações persistem

Embora este episódio represente uma recuperação após o criticado capítulo anterior, os problemas de tom e estrutura persistem. O público ainda sente falta de uma exploração consistente do luto, especialmente em relação a Joel, cuja trajetória foi central para o sucesso da primeira temporada. A ausência desse elemento compromete a veracidade da motivação que movimenta Ellie.

Ainda assim, há méritos visíveis. A direção, a cenografia e o design de som seguem impecáveis, mantendo a série visualmente envolvente. A imersão proporcionada pelos cenários de Seattle e os confrontos em ambientes fechados são eficazes em manter o ritmo da trama.

Por outro lado, para que a série consiga realmente recuperar o impacto e camadas emocionais da obra original, será necessário retornar ao núcleo emocional que motivou desde o primeiro episódio: a conexão profunda entre Ellie e Joel e, sobretudo, o que foi perdido com sua morte. Sem isso, corre-se o risco de transformar uma jornada dolorosa em mera sucessão de eventos episódicos.

Leia também:

Publicações Relacionadas

Ao continuar a usar nosso site, você concorda com a coleta, uso e divulgação de suas informações pessoais de acordo com nossa Política de Privacidade. Aceito