Adaptações de videogames para o universo dos animes nem sempre agradam a todos, e a versão animada de Devil May Cryé um exemplo que divide opiniões. Mesmo com visuais estilizados e a presença marcante de Dante, o enredo e o desenvolvimento narrativo são frequentemente alvos de críticas contundentes.
Entre os fãs mais atentos à profundidade dos personagens e à coesão da trama, surgiram debates sobre decisões criativas que, para muitos, enfraqueceram o potencial da narrativa original do jogo. A seguir, destacamos os principais pontos levantados por críticos e espectadores que acompanham o anime.
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Falta de coerência no roteiro
Apesar de sua proposta promissora, o anime de Devil May Cryapresenta episódios com tramas desconexas e pouco envolventes. Grande parte das críticas aponta que os roteiristas priorizaram cenas de ação em detrimento do aprofundamento narrativo.
A série apresenta um estilo episódico que, embora comum em algumas produções japonesas, não favorece a construção de um arco contínuo e consistente. Com isso, a evolução de Dante ao longo dos 12 episódios torna-se quase inexistente.
Personagens mal explorados
Outro problema apontado pelos críticos é a superficialidade dos personagens secundários. Em especial, Lady e Trish, que nos jogos têm papéis essenciais, são reduzidas a aparições pontuais, com diálogos genéricos e pouca relevância para a trama principal.
Além disso, os vilões raramente têm motivações claras ou carisma suficiente para funcionar como antagonistas marcantes. A ausência de um conflito central forte compromete a experiência emocional da audiência.
Inconsistências de tom e ritmo
Houve também questionamentos sobre a alternância de tons dentro da série. Em alguns episódios, a narrativa caminha para o lado sombrio e maduro, enquanto em outros, abraça o humor forçado e infantil. Essa oscilação prejudica o engajamento do espectador e gera uma quebra de expectativa constante.
Além disso, o ritmo de desenvolvimento é criticado por ser irregular: há episódios inteiros que pouco avançam na história ou no desenvolvimento de Dante, o que reforça a sensação de estagnação.
Distanciamento do universo original
Ainda que o anime mantenha certos elementos visuais e temáticos dos jogos, muitos fãs argumentam que ele se afasta do DNA da franquia. Enquanto os jogos exploram conflitos internos, batalhas intensas e uma mitologia densa, a série animada opta por tramas genéricas e diálogos pouco inspirados.
O protagonista, Dante, que nos jogos é multifacetado e carismático, aparece na série como uma caricatura de si mesmo: obcecado por pizza, apático diante dos eventos e com falas repetitivas.
Expectativas versus execução
Boa parte da decepção dos fãs também se relaciona ao alto nível de expectativa que rodeava o lançamento do anime. Com o histórico de sucesso da Capcom e a base sólida dos jogos, esperava-se uma produção que fosse além da simples estética.
Com o estúdio Madhouse na produção — conhecido por animes aclamados como Death Note e Hellsing — muitos acreditavam que a obra alcançaria o patamar de adaptação definitiva. No entanto, essas expectativas foram frustradas por uma execução descuidada e fragmentada.
O que funcionou bem
Apesar das críticas ao roteiro, o anime não é isento de qualidades. A trilha sonora dark e o visual estilizado conquistam até mesmo parte dos críticos mais exigentes. As sequências de batalha, embora pouco conectadas com um enredo forte, são bem coreografadas e dinâmicas.
Outro acerto foi a dublagem original, com vozes que mantêm a personalidade dos personagens, especialmente Dante, cuja voz carrega a ironia e o desdém característicos do personagem.
Considerações finais
O anime de Devil May Cry é, no fim, uma adaptação que desperdiça o rico potencial narrativo dos jogos. Embora acerte em aspectos técnicos como música e design visual, peca ao entregar uma história fragmentada, com personagens vazios e conflitos pouco impactantes.
Dessa forma, a série deixa a sensação de uma oportunidade perdida — um produto que poderia ter elevado o universo da franquia, mas acabou caindo nas armadilhas de um roteiro apressado e mal estruturado.
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