O lançamento de The Witcher 3: Wild Hunt, em 2015, redefiniu o que se esperava de um RPG de mundo aberto. Desenvolvido pela CD Projekt Red, o título reuniu narrativa intensa, exploração recompensadora e decisões morais impactantes que ecoam até hoje.
Mesmo uma década depois, o jogo permanece como uma forte referência para produções do gênero, inspirando desenvolvedores ao redor do mundo e conquistando novos públicos graças ao seu valor atemporal e sua impressionante profundidade narrativa.
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Um RPG que atravessa gerações
Na época de seu lançamento, The Witcher 3 superou as expectativas ao combinar um mundo visualmente deslumbrante com uma história envolvente e ramificada. No centro da experiência estava Geralt de Rívia, bruxo caçador de monstros, em busca de sua filha adotiva, Ciri. Mas o que realmente destacou o game foi seu nível de complexidade moral e narrativa.
Ao invés de escolhas maniqueístas, o jogador era frequentemente confrontado com dilemas morais complexos, como decidir o destino do Barão Sanguinário ou da feiticeira Keira Metz. O impacto dessas decisões, muitas vezes, aparecia horas depois, aprofundando a sensação de consequência real dentro daquele universo.
Construção do mundo com riqueza e profundidade
The Witcher 3 acertou em cheio ao criar um universo onde tudo parecia ter propósito. O mapa do jogo, que abrange regiões como Velen, Novigrad, Skellige e Toussaint, não era apenas vasto, mas também denso em conteúdo significativo. A ambientação demonstrava atenção meticulosa a detalhes culturais, históricos e geográficos.
Por onde o jogador explorava, havia segredos, baús de tesouro, cartas misteriosas, diários trágicos e missões secundárias com tramas tão sofisticadas que rivalizavam com a missão principal. A experiência de exploração era naturalmente recompensadora, sem depender de marcadores artificiais para prender a atenção.
Sistema de escolhas com peso dramático
Ao longo da campanha, escolhas aparentemente pequenas moldavam o destino de personagens inteiros e afetavam o desenrolar de eventos políticos, sociais e pessoais. A missão envolvendo as irmãs Syanna e Anna Henrietta, em Blood and Wine, demonstrou como o game levava as decisões até suas últimas consequências.
Cada árvore de diálogo podia levar a conclusões diferentes, mudando totalmente o final de diversas linhas narrativas. O jogo questionava o jogador: qual o preço de uma decisão? O que significa ser justo em um mundo injusto? Esse tipo de questionamento foi o que elevou o título à categoria de clássico moderno.
Build de personagem: liberdade com estratégia
O sistema de combate, embora criticado por alguns, oferecia amplitude de possibilidades com o uso das chamadas “builds” — combinações específicas de habilidades, equipamentos e sinais mágicos. Geralt podia ser moldado para um estilo de jogo mais agressivo, baseado em ataques rápidos e críticos, ou voltado para a defesa, controle de inimigos ou uso intensivo de poções e sinais.
Os conjuntos de armaduras da Escola do Gato, Urso e Grifo não serviam apenas como cosméticos, mas influenciavam diretamente o desempenho do jogador. Com isso, cada jogador moldava sua jornada de forma única, equilibrando estratégia e estilo pessoal nos confrontos com criaturas temíveis.
Impacto duradouro na indústria dos games
Com mais de 60 milhões de unidades vendidas, The Witcher 3 não apenas se consolidou como um dos jogos mais vendidos de todos os tempos, mas se tornou símbolo de excelência narrativa e mundo aberto de qualidade. Sua influência pode ser notada em diversos títulos lançados nos últimos anos, que buscaram repetir a fórmula da CD Projekt Red com diferentes abordagens.
Mais do que inspirar mecânicas e estética, o legado do jogo inclui a abertura de caminhos para desenvolvedoras fora dos grandes centros da indústria. Após o sucesso do estúdio polonês, nomes de países periféricos como a estoniana ZA/UM (Disco Elysium) e a belga Larian Studios (Baldur's Gate 3) ganharam notoriedade global — reflexo de uma indústria mais aberta à inovação vinda de diferentes mercados.
Missões secundárias com alma própria
Outro trunfo do jogo foi a qualidade das missões paralelas, que nunca se resumiam a “buscar um item” ou “eliminar um grupo”. Muitas dessas tramas envolviam histórias pessoais, dramas familiares, descobertas sobrenaturais e até mesmo humor ácido e crítica social.
Mesmo os contratos de bruxo, foco central do ofício de Geralt, exigiam preparação — identificar a criatura, ler sobre ela, preparar poções e armadilhas antes do combate. Isso conferia peso e realismo à profissão do protagonista, conectando o gameplay à narrativa de forma fluida.
Novas formas de contar histórias em jogos
The Witcher 3 também demonstrou que jogos poderiam rivalizar a literatura e o cinema em contar histórias complexas e emocionalmente carregadas. Com diálogos longos — um deles considerado um dos maiores da história dos RPGs — e personagens com profundidade e motivações cinzentas, o jogo trazia a densidade dos livros de Andrzej Sapkowski para o universo interativo.
A capacidade de entregar essa densidade sem sacrificar a jogabilidade foi um feito louvável que moldou o padrão de excelência para os RPGs ocidentais nos anos seguintes.
Ainda relevante após uma década
Mesmo com o avanço da tecnologia e a chegada de novos concorrentes de peso, poucos títulos conseguiram capturar a complexidade moral, o mundo dinâmico e a qualidade de escrita que The Witcher 3 apresentou. O jogo segue recebendo atualizações e melhorias gráficas, tornando-se ainda mais atrativo para novos públicos em plataformas modernas.
Ao celebrar 10 anos, o título da CD Projekt Red confirma sua imortalidade dentro da cultura gamer, permanecendo como um parâmetro para o que significa criar um RPG de mundo aberto verdadeiramente memorável. Para muitos, o padrão continua sendo: “É bom, mas chega perto de The Witcher 3?”.
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