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Jogos de ritmo e a presença da música clássica

Crédito: Andamiro

Os jogos de ritmo sempre buscaram uma maneira marcante de combinar desafio, entretenimento e música memorável. Nesse caminho, a música clássica acabou se tornando uma presença forte e constante em muitos deles.

Mesmo com trilhas eletrônicas dominando partes do gênero, peças clássicas continuam sendo remixadas e reinterpretadas, tornando-se fundamentais na experiência musical e visual desses jogos.

Como a música clássica entrou no mundo dos rhythm games

A incorporação da música clássica nos videogames começou muito antes do surgimento dos rhythm games modernos. Entre limitações técnicas das primeiras gerações e a ausência de royalties, as obras de compositores como Bach, Beethoven e Mozart serviam como soluções acessíveis e frequentemente emocionantes. Ao caírem em domínio público, esses clássicos se tornaram um recurso valioso para desenvolvedores que buscavam músicas de alto impacto sem custos adicionais.

Nos rhythm games, essa escolha se prova ainda mais significativa. A familiaridade dessas composições facilita a curva de aprendizado para novos jogadores, ao mesmo tempo que adiciona intensidade e complexidade às faixas mais avançadas.

O papel da BanYa e da série Pump it Up

Um dos melhores exemplos dessa fusão está em Pump it Up, uma franquia sul-coreana que surgiu em 1999 como uma alternativa ao Dance Dance Revolution. Seu destaque entre os fãs do gênero se deve, em parte, ao coletivo de compositores BanYa. Combinando cordas clássicas com solos de guitarra elétrica, batidas eletrônicas e até elementos do rock, BanYa criou versões únicas de peças como:

  • Beethoven Virus: Uma releitura enérgica do 3º movimento da Sonata Patética.
  • The Devil: Uma combinação metálica com "In the Hall of the Mountain King", de Edvard Grieg.
  • Turkey March: Uma adaptação vibrante do “Rondo alla Turca”, de Mozart.
  • Winter: A dramática estação de Vivaldi ganhando reforço de percussão e guitarras pesadas.

Mesmo duas décadas após seu lançamento, essas faixas continuam firmes nas playlists dos jogadores veteranos e novatos, comprovando a força do repertório clássico remixado.

Outros jogos que apostam no clássico

Além de Pump it Up, diversos outros títulos também incorporaram trechos orquestrais às suas trilhas com estilo e criatividade:

  • Taiko no Tatsujin: O famoso jogo de tambores japonês reserva uma categoria inteira só de músicas clássicas.
  • Deemo: Embora invista mais em composições modernas e emocionais, o jogo oferece coleções específicas com peças históricas adaptadas para piano.
  • Trombone Champ: Viral em 2022, permite aos jogadores “desafinarem” enquanto tentam tocar trechos clássicos no trombone.
  • Audition Online e Super Dancer Online: Títulos populares na Ásia que trazem orquestras entre batidas pop e eletrônicas.
  • Maestro VR: Lançado recentemente, coloca o jogador como um maestro comandando obras clássicas no meio de uma orquestra virtual.

Esse repertório contribui não apenas para a diversidade musical, mas aumenta a imersão e complexidade artística desses jogos.

Por que os jogos de ritmo amam o repertório clássico?

Além de estarem livres de direitos autorais, as composições clássicas costumam apresentar:

  • Complexidade rítmica: ideal para criar charts desafiadores.
  • Intensidade emocional: usada em momentos-chave para amplificar a experiência.
  • Familiaridade universal: muitas dessas músicas já são conhecidas por culturas diferentes, o que facilita o engajamento global.
  • Versatilidade para remixes: harmonias e melodias permitem múltiplas interpretações, do EDM ao metal sinfônico.

Essas características tornam a música clássica extremamente adaptável dentro do estilo dos rhythm games.

Onde tradição e inovação se encontram

Mesmo com as evoluções tecnológicas e sons cada vez mais modernos nos jogos de ritmo, a música clássica continua se reinventando diante de novas plataformas. Seja nos fliperamas, no PC, em consoles ou dispositivos móveis, essas composições centenárias seguem sendo reinterpretadas, ganhando nova vida através de solos de guitarra, sintetizadores e, claro, muito ritmo.

A recepção entusiástica dos fãs — e a inclusão dessas faixas nos novos lançamentos, como Pump it Up: Rise para PC — prova que, mesmo em terrenos acelerados e digitais, há sempre espaço para o clássico.