A venda do site de games Polygon para a Valnet — conglomerado digital por trás de Game Rant, Fextralife e TheGamer — marcou uma profunda reestruturação interna. Fundado pela Vox Media em 2012, o site era conhecido pela presença forte no jornalismo investigativo e reportagens longas no universo dos games.
Com a mudança, vários profissionais foram dispensados ou decidiram sair por conta própria. Entre eles, grandes nomes como o editor-chefe e cofundador Chris Plante, além de editores veteranos com forte legado dentro da marca.
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Valnet adquire o Polygon e promove cortes significativos
A aquisição do Polygon pela Valnet representa uma expansão estratégica no portfólio da empresa, que já controla diversos veículos digitais voltados para entretenimento, esportes e hobbies. No entanto, a transição provocou uma série de demissões que abalaram a base editorial da antiga publicação da Vox Media.
Chris Plante, um dos cofundadores e até então editor-chefe, anunciou sua saída em uma postagem na rede Bluesky declarando não ter participado do processo de venda. Sua mensagem também serviu como um apelo ao mercado: que outras redações priorizem a contratação dos profissionais desligados. Pelo menos três outros nomes de peso também saíram ou foram dispensados:
- Matt Leone, editor de projetos especiais e autor de reportagens históricas sobre Street Fighter 2 e Final Fantasy 7;
- Nicole Carpenter, repórter sênior especializada em investigações de fôlego;
- Pete Volk, editor de curadoria, que afirmou ter sido demitido junto com "quase todo mundo no Polygon".
Uma mudança de direção editorial
Desde que foi fundado em 2012, o Polygon teve como missão diferenciar-se no mercado de jornalismo gamer por meio de conteúdo aprofundado, narrativas longas e investigações que abordavam o universo dos jogos sob múltiplas perspectivas culturais.
Com a entrada da Valnet, o futuro do modelo editorial construído nos últimos 12 anos torna-se incerto. Conhecida por operar com volume elevado de produção de conteúdo e forte foco em SEO, a nova controladora poderá alterar os rumos do site, priorizando a estruturações voltadas ao tráfego e à monetização massiva — práticas que já renderam à empresa críticas na indústria digital.
Histórico controverso da Valnet
Em abril, a Valnet ingressou com uma ação judicial contra o portal The Wrap, alegando difamação, concorrência desleal e outras práticas ilegais após uma reportagem que descrevia a empresa como uma espécie de “fábrica de conteúdo” digital. O artigo acusava a editora de operar com condições análogas a "um ateliê de suor digital", levantando preocupações sobre práticas trabalhistas e ambiente corporativo.
Os advogados do The Wrap alegaram que o processo movido pela Valnet carece de consistência e mérito. O episódio adiciona um novo capítulo às preocupações de parte do setor sobre práticas recorrentes entre conglomerados de mídia digital que operam sob lógica de escala e rendimento rápido.
Repercussão na comunidade de games
A comunidade envolvida com jornalismo e crítica de games reagiu com preocupação às demissões no Polygon. A reputação do site foi construída em cima de coberturas que iam além do trivial, explorando impactos socioculturais dos jogos, entrevistas com desenvolvedores e séries de reportagens que ampliaram os horizontes da cobertura editorial sobre games.
Com a saída das principais figuras que sustentavam essa linha de produção, muitos temem que o site perca sua identidade. A incerteza sobre o novo formato editorial, somada aos cortes em talentos históricos, coloca em xeque a continuidade de um espaço diferenciado no mercado de mídia especializada em jogos eletrônicos.
Enquanto a Valnet promete valor agregado a audiência e anunciantes, o futuro do Polygon parece estar num ponto de inflexão. A aposta agora recai sobre se a mudança de comando conseguirá sustentar a marca ou se levará à descaracterização de um dos veículos mais respeitados do jornalismo gamer nos últimos anos.
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