O CEO da Ubisoft, Yves Guillemot, foi convocado a comparecer perante um tribunal francês, relacionado a um julgamento por assédio que resultou na condenação de três ex-executivos. A empresa confirmou que cooperará com a justiça neste processo.
As acusações contra os ex-funcionários envolvem má conduta sexual, intimidação e até racismo sistêmico. O episódio marca mais uma etapa da crise interna enfrentada pela desenvolvedora desde 2020.
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Condenações de ex-executivos da Ubisoft
Em junho, a Justiça francesa condenou três antigos altos executivos da Ubisoft: Serge Hascoët, Tommy François e Guillaume Patrux. Todos receberam sentenças com suspensão condicional e multas após comprovação de assédio psicológico, má conduta sexual e comportamentos racistas dentro da empresa.
- Serge Hascoët: ex-diretor criativo, recebeu 18 meses de pena suspensa e multa de € 40 mil. Foi considerado cúmplice em assédio sexual e direto responsável por assédio psicológico. Relatos apontam, por exemplo, a utilização de insultos raciais e brincadeiras islamofóbicas com funcionários.
- Tommy François: ex-vice-presidente editorial e criativo, foi condenado a três anos de pena suspensa e multa de € 30 mil. Entre as acusações, tentou beijar uma funcionária à força durante uma festa de fim de ano, enquanto ela era contida por outro empregado.
- Guillaume Patrux: ex-diretor de jogo, condenado a 12 meses de pena suspensa e multa de € 10 mil. Embora descrito como responsável por bullying “em menor escala”, seu comportamento foi definido como “particularmente intenso”.
Todos deixaram a Ubisoft após investigações internas intensificadas por denúncias surgidas em 2020.
Yves Guillemot convocado à Justiça
Agora, Yves Guillemot, CEO da Ubisoft, foi formalmente convocado a prestar depoimento no dia 1º de outubro, no Tribunal de Bobigny, na França. A ação é resultado de uma iniciativa do sindicato Solidaires Informatique, além de quatro outras partes civis que também estiveram envolvidas no processo inicial.
A convocação, segundo o sindicato e as vítimas, se baseia nos mesmos fatos e resultados daquele julgamento, com o objetivo de apurar possíveis responsabilidades da alta gestão da empresa na manutenção de um ambiente corporativo tóxico e permissivo.
Resposta da Ubisoft
A Ubisoft respondeu publicamente sobre a intimação judicial, afirmando que:
“Estas são as mesmas partes civis e a convocação baseia-se nos mesmos fatos analisados no processo julgado em junho, após investigação do Ministério Público.”
A empresa destacou que o próprio Ministério Público decidiu, na época, não instaurar processo criminal contra a companhia ou seus dirigentes. Essa decisão teria sido reafirmada pelas alegações finais apresentadas no julgamento.
Apesar disso, a Ubisoft voltou a se comprometer com as investigações em curso, afirmando que continuará a colaborar integralmente com o sistema judiciário francês.
Histórico de negação e nova abordagem
Quando rumores surgiram em maio de que Guillemot e a diretora de RH da Ubisoft seriam convocados, a empresa negou veementemente. À época, declarou que “nem Yves, nem nenhum integrante da equipe de RH da Ubisoft eram partes no processo”.
Agora, com a nova convocação confirmada, a pressão sobre a liderança corporativa aumenta. Em especial, cresce a expectativa por esclarecimentos sobre a cultura organizacional da Ubisoft.
Mudanças internas e política de tolerância zero
Em reação ao escândalo e às condenações, a empresa afirma estar adotando medidas mais rígidas no combate ao assédio. Cecile Russeil, vice-presidente executiva da Ubisoft, declarou:
“Nossa prioridade máxima é garantir a proteção da integridade física e moral de nossos colaboradores, com uma política de prevenção e tolerância zero quanto a assédio sexual ou moral, comportamentos sexistas, agressões, insultos ou qualquer tipo de discriminação.”
No entanto, críticos e representantes sindicais alegam que as medidas adotadas são tímidas frente aos danos já causados e pedem mais responsabilização direta da alta gestão, inclusive de Guillemot.
Impactos na reputação e relações trabalhistas
A repercussão do caso abala diretamente a imagem da Ubisoft no mercado global de entretenimento. Os escândalos de assédio e má gestão interna podem afetar não apenas os talentos internos, mas também a relação com consumidores e investidores.
Além disso, o posicionamento do sindicato Solidaires Informatique visa provocar mudanças mais profundas. Entre os objetivos estão:
- Reformas estruturais na governança interna da empresa.
- Promoção de transparência nos processos de denúncia.
- Fortalecimento de representações sindicais nas unidades da Ubisoft.
O que esperar nos próximos meses
Com Yves Guillemot oficialmente convocado, o julgamento programado para outubro poderá esclarecer se a liderança empresarial foi negligente ou conivente com o ambiente de assédios. A ação não busca apenas punições, mas também fortalecimento institucional contra práticas abusivas.
A Ubisoft, até o momento, insiste na narrativa de colaboração e reestruturação interna — resta saber se isso será suficiente para recuperar a credibilidade junto à opinião pública e ao judiciário francês.
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