A Framework, fabricante de laptops modulares conhecida por sua proposta de sustentabilidade e reparabilidade, anunciou a suspensão temporária das vendas de alguns de seus modelos nos Estados Unidos. A decisão é uma resposta direta à nova política tarifária adotada recentemente pelo governo Trump.
A medida afeta especificamente os modelos mais acessíveis da linha Framework Laptop 13 e está relacionada ao aumento de tarifas sobre produtos eletrônicos importados de Taiwan.
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Impacto das tarifas sobre os laptops da Framework
Desde o dia 5 de abril de 2025, entrou em vigor um pacote tarifário mais agressivo, que impôs uma tarifa de 10% sobre certos produtos eletrônicos oriundos de Taiwan. Os semicondutores, crucialmente, foram isentos dessa taxação, mas os dispositivos que os utilizam — como os laptops — continuam sujeitos aos encargos.
A Framework foi transparente em relação às razões econômicas que levaram à pausa nas vendas. Segundo a empresa, os preços dos modelos mais baratos foram definidos com uma tarifa de 0%. Com o novo tributo, vender essas unidades resultaria em prejuízos, especialmente nos modelos com processadores Ultra 5 125H da Intel e Ryzen 5 7640U da AMD.
Produtos afetados e opções alternativas
Atualmente, os consumidores norte-americanos encontram limitações para adquirir os laptops mais baratos da marca, que antes estavam disponíveis por menos de US$ 800. Os modelos removidos da loja dos EUA incluíam:
- Framework Laptop 13 com Intel Ultra 5 125H
- Framework Laptop 13 com Ryzen 5 7640U
Esses modelos estavam à venda até 31 de março com descontos de 9% e 10%, respectivamente. Agora, o modelo Intel disponível mais acessível é o Ultra 7 155H, custando US$ 1.109 — uma diferença de quase US$ 400. No caso do chip Ryzen 5 7640U, só é possível adquiri-lo com display 2K por US$ 899, valor US$ 150 superior em relação ao anterior.
Repercussão no setor de tecnologia e jogos
Além da Framework, outras gigantes do setor de hardware, como a Nintendo, também anunciaram medidas cautelosas após o endurecimento tarifário. A empresa japonesa adiou pré-vendas da aguardada "Switch 2" nos EUA para avaliar os impactos das tarifas.
Embora os semicondutores não estejam diretamente afetados, o fato de a taxação incidir sobre produtos que os utilizam cria um efeito cascata no mercado de eletrônicos. Considerando a forte dependência da cadeia global da indústria de tecnologia dos chips fabricados em Taiwan, a nova política representa um desafio expressivo para empresas inovadoras de médio porte, como a Framework.
Estratégia e posicionamento da Framework
A decisão da Framework de tornar pública essa dificuldade destaca uma política de transparência pouco comum entre fabricantes de eletrônicos. A empresa chegou a afirmar que várias marcas tomaram medidas semelhantes, mas não se manifestaram abertamente.
Enquanto isso, os modelos premium da Framework continuam no mercado sem alteração de preços, sugerindo que a empresa buscou preservar opções de compra para quem busca alto desempenho:
- Intel Ultra 7 155H: US$ 1.109
- Intel Ultra 7 165H: US$ 1.509
- Ryzen AI 5 340: US$ 899
- Ryzen AI 7 350: US$ 1.229
- Ryzen AI HX 370: US$ 1.659
Incertezas sobre o futuro dos modelos removidos
A empresa reforça que a suspensão das vendas é temporária e que seguirá monitorando as negociações tarifárias para tentar viabilizar a volta desses modelos ao mercado norte-americano. No entanto, com as alíquotas sobre produtos taiwaneses subindo para 32%, a perspectiva de curto prazo é desafiadora.
Sem que Taiwan implemente tarifas de retaliação — uma tentativa de manter as portas abertas ao diálogo com Washington —, o impasse tarifário coloca empresas americanas e globais em uma encruzilhada. O setor de eletrônicos se vê obrigado a repensar operações ou arcar com os custos adicionais para não comprometer sua margem de lucro.
Considerações finais
O caso da Framework ilustra os efeitos colaterais de uma política tarifária ampla que tem como alvo a soberania econômica, mas que impacta diretamente consumidores, fornecedores e a inovação em hardware. A reação transparente da companhia pode pressionar outras marcas a se posicionarem, o que tende a gerar maior conscientização pública sobre o impacto real dessas medidas no dia a dia dos consumidores e da indústria em geral.
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