Por que GTA não terá cenário fora dos Estados Unidos

A franquia Grand Theft Auto sempre foi marcada por ambientes inspirados em cidades icônicas dos Estados Unidos. Desde Liberty City até Los Santos, a série utiliza a cultura americana como pano de fundo essencial para sua narrativa satírica.Recentemente, Dan Houser, cofundador da Rockstar Games, explicou por que o jogo nunca deve deixar o solo norte-americano. Segundo ele, há elementos fundamentais no DNA da série que só funcionam dentro desse contexto cultural.

A influência da cultura americana

Durante uma entrevista ao podcast de Lex Fridman, Houser afirmou que a essência de GTA está profundamente enraizada na cultura dos Estados Unidos. Mesmo tendo produzido GTA London nos anos 1990 como uma expansão para o primeiro jogo, ele deixou claro que aquele foi um experimento isolado. Na visão de Houser, temas como o uso de armas, excessos de violência, consumismo e personagens "maiores que a vida real" dependem diretamente da ambientação americana para funcionar de forma coerente dentro da proposta cínica da franquia.Além disso, a série trabalha intensamente com o conceito de "Americana" — um olhar quase caricatural sobre os Estados Unidos. A exploração desses elementos, segundo ele, simplesmente não teria o mesmo impacto em um país estrangeiro.

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O caso de GTA 6 e seu compromisso com os EUA

A decisão da Rockstar em manter a ambientação nos Estados Unidos continua com a chegada de Grand Theft Auto 6, marcado para ser lançado em maio de 2026. O jogo se passará em Leonida, uma versão ficcional do estado da Flórida — seguindo a tradição da empresa em reimaginar locais reais com nomes fictícios e toques de sátira social.Segundo os dois trailers revelados até o momento, o novo título está profundamente enraizado nas paisagens culturais dos Estados Unidos. Elementos como redes sociais exageradas, comportamento policial, estilos de vida luxuosos e marginais estão de volta, compondo o habitual tom satírico da franquia.

Expectativas do público e consistência da marca

Para além das intenções criativas, existe também uma razão estratégica por trás dessa escolha. O público já associa GTA a uma crítica bem-humorada e ousada da sociedade americana. Levar o jogo para outro país mudaria as expectativas dos jogadores e colocaria em risco a coerência da identidade construída ao longo de décadas.Em diversas ocasiões, fãs das séries especularam sobre um possível GTA ambientado em cidades como Tóquio, Londres (de forma mais moderna) ou mesmo São Paulo. Porém, abandonar os Estados Unidos significaria romper com pilares tradicionais da franquia, como:

  • Presença massiva de armas e liberdade para usá-las em público;
  • Cultura de gangues e crime urbano com raízes históricas norte-americanas;
  • Estilo de vida exagerado e livre — características constantemente ironizadas;
  • Relação ambígua com a polícia, imprensa e sistema judicial dos EUA.

Esses elementos compõem uma base difícil de transpor para outras realidades culturais, onde o contexto político e social podem demandar abordagens completamente diferentes.

Comparações com outras franquias

A posição de Dan Houser lembra bastante a de Todd Howard, da Bethesda, responsável pela série Fallout. Em 2023, Howard afirmou que manter Fallout nos Estados Unidos garante o tom de "Ingenuidade Americana" (Americana naïveté), algo essencial para aquele universo pós-apocalíptico.Ambas as franquias compartilham um interesse em investigar — e muitas vezes ridicularizar — aspectos específicos da identidade nacional americana. Assim, trocar o país de origem comprometeria a estrutura narrativa, tanto em humor quanto em contexto político e social.

GTA como ferramenta de percepção cultural global

O impacto cultural de GTA vai além do mero entretenimento. De acordo com o professor Tore Olsson, da Universidade do Tennessee, a franquia molda a percepção global sobre os Estados Unidos. Olsson, inclusive, ministrará um curso universitário sobre história americana com base em GTA em 2026.Ele afirma que, assim como Red Dead Redemption 2 oferece uma visão do Velho Oeste ou Ghost of Tsushima da era feudal japonesa, a franquia GTA atua como uma janela lúdica para o imaginário urbano moderno dos EUA. Locais fictícios como Liberty City (inspirada em Nova York) e Los Santos (baseada em Los Angeles) construíram familiaridade cultural entre jogadores de todo o mundo.

Desenvolvimento de GTA no futuro

Mesmo com as evoluções gráficas e narrativas previstas para GTA 6, como os avanços em fotorrealismo e comportamentos dinâmicos da população virtual — conforme destacaram análises técnicas recentes — o centro narrativo ainda é a sociedade americana.A fidelidade da Rockstar a esse modelo não se dá por limitação técnica, mas por escolha criativa firme. A ambientação nos Estados Unidos segue sendo o palco ideal para explorar dilemas, contradições e absurdos da cultura ocidental sob uma lente ácida e provocativa.No fim das contas, embora a ideia de ver um GTA em outro continente possa parecer atrativa em teoria, todas as evidências — declarações dos criadores, fatores culturais e até reações do público — indicam que a franquia continuará nos Estados Unidos por muito tempo.

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