A evolução rápida da inteligência artificial está abrindo portas antes inimagináveis para o desenvolvimento de jogos. Tim Sweeney, CEO da Epic Games, acredita que estamos prestes a entrar em uma nova era de criação digital.
Segundo o executivo, equipes pequenas poderão, em breve, desenvolver experiências semelhantes a Zelda: Breath of the Wild com auxílio massivo de IA para diálogos e interações.
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Pequenas equipes, grandes produções
Durante o evento State of Unreal 2025, promovido pela Epic Games, Tim Sweeney traçou um cenário empolgante para o futuro da produção de jogos digitais. De acordo com ele, funcionalidades baseadas em inteligência artificial, como prompts automatizados e geração de diálogos por IA, farão parte essencial dos motores gráficos modernos. Isso permitirá que pequenos estúdios atinjam níveis de desenvolvimento comparáveis aos grandes nomes da indústria.
O principal exemplo citado foi The Legend of Zelda: Breath of the Wild — aclamado título da Nintendo. Hoje, para se criar um mundo com tamanha escala, interatividade e densidade narrativa, grandes orçamentos e centenas de desenvolvedores são necessários. No entanto, com as novas ferramentas de IA, uma equipe de até 10 pessoas poderá criar algo dessa magnitude em poucos anos.
Avanços tecnológicos que moldam gêneros
Sweeney destacou como o avanço da tecnologia já mudou a forma como os jogos são desenvolvidos. Ele relembrou quando o surgimento dos gráficos 3D permitiu franquias como Doom e Wolfenstein — que redefiniram o gênero de tiro em primeira pessoa. Ou, mais recentemente, a ascensão do battle royale, impossível antes que hardwares e engines suportassem 100 jogadores simultâneos em um mesmo espaço.
Para ele, agora é a vez da IA causar esse mesmo tipo de disrupção. Ao permitir diálogos infinitos gerados em tempo real, interações naturais com NPCs e roteiros menos engessados, será possível criar mundos muito mais dinâmicos. Com isso, surgirão também novos estilos de jogo, até então inviáveis por limitações técnicas ou de escala de produção.
O exemplo da IA em Fortnite
A postura da Epic Games em relação ao uso de IA não é apenas teórica. A empresa já vem apostando alto na tecnologia, com experimentações notáveis dentro do universo de Fortnite. Um dos marcos foi a inserção do Darth Vader como NPC inteligente — um feito inédito até então.
A versão virtual do vilão, com voz gerada por IA, é capaz de compreender eventos do jogo, interagir como membro ativo da equipe dos jogadores, reagir com falas personalizadas e até emitir alertas de perigo. A tecnologia por trás disso une o modelo Gemini 2.0 Flash, do Google, com o ElevenLabs Flash v2.5. O personagem utiliza a voz recriada digitalmente do lendário ator James Earl Jones — com consentimento da família após seu falecimento em 2024.
O caso do uso da voz de James Earl Jones levantou discussões sobre os limites éticos da IA, principalmente no que diz respeito à reprodução de vozes de celebridades falecidas. Sweeney reconheceu esses desafios, mas argumenta que a tecnologia, quando usada com responsabilidade, representa um avanço significativo para a sociedade e para os criadores.
Ele reforçou que a IA deve ser vista como um facilitador e não como substituta da criatividade humana. A ideia é reduzir barreiras técnicas, permitindo que roteiristas se concentrem em aspectos artísticos enquanto a IA automatiza tarefas repetitivas — como a escrita detalhada de milhares de diálogos para NPCs.
Novas possibilidades para estúdios independentes
Para os desenvolvedores independentes, o cenário é particularmente promissor. Com acesso a ferramentas integradas de IA nos motores gráficos, equipes limitadas em número e orçamento poderão atingir qualidade técnica e expansividade antes restrita aos grandes estúdios AAA. Isso representa mais que agilidade no desenvolvimento — trata-se de um novo ecossistema criativo.
Além disso, a Epic já planeja liberar ferramentas para que criadores de conteúdo desenhem seus próprios NPCs com IA em Fortnite, fomentando uma economia criativa descentralizada dentro do jogo.
Revolução inevitável e oportunidades em expansão
Sweeney enfatizou que esse movimento não se trata de tendência passageira, mas de uma transformação estrutural no setor de games. Assim como outras revoluções tecnológicas do passado, a chegada da IA trará dores de adaptação, mas também oportunidades extraordinárias. Os profissionais da área precisarão adquirir novas habilidades para acompanhar a velocidade dessas mudanças.
A expectativa é que essa nova geração de ferramentas não apenas democratize o desenvolvimento de grandes jogos, como também eleve o patamar dos jogos AAA para experiências ainda mais imersivas, complexas e envolventes. Nesse novo futuro, a imaginação dos criadores pode ser o único limite.
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