Inteligência artificial ameaça empregos femininos

A inteligência artificial está transformando o ambiente corporativo com rapidez crescente. Apesar de prometer ganhos de produtividade, essa revolução digital não atinge igualmente todos os setores — e muito menos todos os trabalhadores.

Estudos recentes mostram que ocupações tradicionalmente femininas estão entre as mais ameaçadas. Secretariado, atendimento e cargos administrativos já sofrem pressão com tarefas automatizadas por IA generativa.

Desigualdade acentuada pela inteligência artificial

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) alerta que empregos ocupados majoritariamente por mulheres são quase três vezes mais suscetíveis à substituição parcial ou total pelas novas tecnologias. Cargos administrativos, setores de apoio e atendimento, historicamente femininos, estão entre os mais impactados.

De acordo com a OIT, cerca de 9,6% dos empregos femininos já se encontram em transformação. Entre os homens, esse percentual é consideravelmente menor: apenas 3,5%. Este desequilíbrio coloca as trabalhadoras em uma vulnerabilidade maior diante da revolução tecnológica em curso.

Além disso, muitas dessas funções exigem menos formação técnica ou envolvem menos digitalização — o que as torna alvo preferencial de soluções como chatbots, plataformas automatizadas de cobrança, triagem e atendimento ao cliente.

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Uma transição desigual entre empresas

Enquanto empresas de tecnologia e startups adotam rapidamente a IA, negócios de maior porte e com estruturas mais complexas enfrentam obstáculos substanciais. Dados de uma amostra de 30 mil empresas nos Estados Unidos mostram que a adoção de IA subiu timidamente de 7,5% para 9,1% entre 2017 e 2021. Esse avanço ocorreu antes da explosão de ferramentas como o ChatGPT, demonstrando que a transição ainda é lenta para muitos.

Segundo um estudo apresentado no Banco Central Europeu, a produtividade pode inclusive cair no curto prazo após adoção de IA. O motivo é a necessidade de adaptação em processos enraizados, como cadeias de suprimentos ou rotinas industriais. Para muitas empresas, a IA representa um investimento arriscado, que só gera ganho real se houver persistência e reestruturação interna.

IA como solução — ou risco — para empresas

A longo prazo, companhias que conseguem ultrapassar o período de transição se beneficiam. As vantagens vão desde melhora de performance operacional até aumento de vendas e criação de novos cargos. Ainda assim, o progresso depende de uma implementação guiada por estratégia e por políticas voltadas à equidade no trabalho.

Aqueles que conseguem integrar a IA com treinamento digital interno e requalificação da equipe experimentam evolução sustentável. Contudo, um erro estratégico ou a subestimação dos desafios iniciais podem levar ao colapso empresarial, principalmente para quem aposta em substituições em massa sem considerar o impacto humano.

Setores mais afetados e o papel dos governos

Áreas como mídias digitais, finanças, atendimento ao cliente e setor público estão entre as mais transformadas. Ferramentas de IA já conseguem escrever textos, montar relatórios, interagir com consumidores e analisar grandes volumes de dados. Isso, inevitavelmente, muda o escopo dessas profissões.

Governos e sindicatos são chamados a agir. Políticas públicas precisam promover capacitação contínua, com foco em melhoria de competências digitais e apoio à recolocação de profissionais afetados. Abandonar essas iniciativas significaria ampliar ainda mais os hiatos de gênero já presentes no mercado de trabalho.

Transformação inevitável — mas precisa de responsabilidade

A automação por IA não representa apenas eliminação de postos, mas uma reengenharia de funções. Ainda que nem todas as tarefas possam ser completamente delegadas à inteligência artificial, muitas estão sendo reconfiguradas.

O alerta ganha força diante do fato de que mulheres são maioria em cargos rotineiros e altamente repetitivos — justamente os mais visados pela automação. Para que a IA seja de fato um aliado do crescimento, é indispensável garantir que sua aplicação venha acompanhada de medidas que reduzam, e não aprofundem, as desigualdades.

A revolução tecnológica pode, sim, salvar uma empresa da estagnação. Mas, sem responsabilidade social, ela também pode destruir carreiras, abrir mais distâncias entre os gêneros e agravar disparidades históricas no mundo do trabalho.

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