Protestos interrompem evento da Microsoft por laços com Israel

A conferência anual Build da Microsoft foi marcada por novos protestos ligados ao papel da empresa no fornecimento de tecnologia ao exército israelense. Manifestantes interromperam discursos importantes exigindo que a gigante da tecnologia corte laços com o governo de Israel.

Os protestos ganharam força à medida que aumentam as denúncias sobre o uso de soluções em nuvem da Microsoft, como o Azure, em operações militares israelenses em Gaza. As manifestações refletem um crescente movimento de dissidência interna e externa.

Interrupções em discursos de líderes da Microsoft

Durante a abertura da Microsoft Build 2025, o CEO Satya Nadella teve sua fala interrompida por dois manifestantes em sequência. O primeiro, Joe Lopez, engenheiro de firmware e membro do grupo “No Azure for Apartheid”, exigiu que Nadella expusesse como as tecnologias da empresa estariam supostamente facilitando crimes de guerra. Logo depois, outro ativista — um ex-funcionário do Google — reiterou que as gigantes de tecnologia estariam colaborando com a escalada militar de Israel.

No dia seguinte, Jay Parikh, vice-presidente executivo da divisão CoreAI da Microsoft, também teve seu discurso interrompido. Um trabalhador palestino do setor de tecnologia subiu ao palco denunciando a situação dos palestinos em Gaza e pedindo o fim da colaboração da empresa com Israel.

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Acusações contra o uso do Azure em operações militares

Os protestos reacenderam o debate sobre o envolvimento do Microsoft Azure — a plataforma de serviços em nuvem da empresa — nas operações do Ministério da Defesa de Israel (IMOD). De acordo com o e-mail enviado por Joe Lopez aos colegas de trabalho, a companhia estaria ocultando a extensão de seu compromisso com Israel ao fornecer serviços de dados e inteligência usados em campanhas militares.

Lopez declarou que a tecnologia da Microsoft permitiria o uso discriminado de dados massivos, supostamente obtidos de forma ilegítima, para justificar ataques que resultaram em milhares de mortes civis. Segundo números divulgados por entidades internacionais e amplamente repercutidos pela imprensa, mais de 53 mil pessoas teriam morrido em Gaza desde outubro de 2023.

Posicionamento oficial da Microsoft

Diante das acusações, a Microsoft publicou um comunicado oficial no qual afirma não ter identificado qualquer utilização de sua tecnologia para causar danos a civis. A empresa também sustentou que nem o IMOD violou os termos de uso da companhia nem houve descumprimento do seu Código de Conduta de Inteligência Artificial.

Contudo, o documento também reconheceu limitações estruturais nos processos de auditoria aplicáveis: a empresa alegou não ter acesso a informações sobre como seus softwares são usados localmente por clientes — especialmente no caso de instalações fora da nuvem pública, ou por serviços contratados por terceiros. Essa ressalva foi interpretada por críticos como uma forma de manter distância das implicações morais do fornecimento de tecnologia militar.

Antecedentes e consequências internas

Os protestos recentes seguem uma série de manifestações internas que já resultaram em demissões. Em abril, as funcionárias Ibtihal Aboussad e Vaniya Agrawal foram dispensadas logo após interromperem o evento comemorativo de 50 anos da Microsoft com denúncias semelhantes ao vínculo com o exército israelense.

O grupo interno de funcionários "No Azure for Apartheid", que tem promovido mobilizações contínuas contra a postura da empresa, também esteve presente do lado de fora do centro onde ocorria a Build. O movimento se alinha às campanhas de pressão do movimento internacional BDS — Boicote, Desinvestimento e Sanções — que classifica o envolvimento da Microsoft como uma legitimação de crimes de guerra e genocídio.

Críticas de organizações internacionais

Diversas investigações de veículos como The Guardian e +972 Magazine revelaram como tecnologias de nuvem e inteligência artificial da Microsoft estariam sendo empregadas para sustentar a infraestrutura operacional da ocupação militar. A BDS relata que o Azure seria um dos pilares técnicos usados por Israel para apoiar vigilância, mapeamento e ofensivas sobre Gaza — acusações que colocam a empresa sob crescente escrutínio.

A realidade vivenciada por civis palestinos e a devastação em Gaza contrastam fortemente com a postura de neutralidade tecnológica proclamada pela Microsoft. Embora a empresa reivindique ausência de provas de uso indevido, o crescente volume de denúncias e a pressão social indicam que esta será uma pauta presente por um longo tempo, tanto dentro quanto fora de seus eventos corporativos.

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