Editor de Arc Raiders defende o uso de IA generativa nos jogos

O debate sobre o uso de inteligência artificial generativa na indústria de games tem ganhado força, especialmente após recentes declarações da Nexon, distribuidora de Arc Raiders. A empresa não apenas defendeu sua utilização da tecnologia, como afirmou que o setor como um todo já a adotou amplamente.Apesar das ressalvas de parte do público e da crítica, Arc Raiders atingiu marcas expressivas de vendas e engajamento, indicando que a aplicação de IA não comprometeu a recepção do jogo até o momento.

Arc Raiders e o uso de IA generativa

O uso de ferramentas baseadas em IA no desenvolvimento de Arc Raiders foi confirmado na página do Steam do título. Lá, é informado que tecnologias procedurais e inteligência artificial foram utilizadas como suporte na criação de conteúdo, ainda que a criatividade final pertença à equipe de desenvolvimento.No entanto, o estúdio Embark esclareceu que o jogo não faz uso direto de IA generativa para criação de conteúdo final, como textos, imagens ou sons. A técnica empregada envolve aprendizado e reforço de máquina, aplicada principalmente para movimentos complexos de drones robóticos com múltiplas pernas. Segundo o estúdio, não há conteúdos gerados automaticamente de forma criativa pela IA.Um aspecto que causou certa controvérsia foi o sistema de síntese de voz. O diretor de design Virgil Watkins explicou que, apesar de ser baseado em um sistema de texto-para-fala com ajuda de IA, os dubladores foram contratados com cláusula contratual que autoriza essa aplicação. Isso permitiu, por exemplo, que comandos no sistema de ping do jogo fossem dinâmicos e adaptáveis sem gravações constantes.

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A visão da Nexon sobre o uso de IA nos games

Durante uma entrevista ao portal Game*Spark, o CEO da Nexon, Junghun Lee, defendeu abertamente a adoção de IA por empresas do setor. De acordo com ele, a inteligência artificial tem potencial para transformar tanto o desenvolvimento quanto as operações de serviço contínuo dos jogos.Lee foi incisivo ao afirmar que já é necessário assumir que “todas as empresas de games estão utilizando IA de alguma forma”. Segundo ele, com o nivelamento global das tecnologias, o diferencial competitivo passará a ser a estratégia de aplicação mais eficaz, e não o simples uso da IA.Outras gigantes da indústria reforçam essa perspectiva. A EA declarou que a IA está no “coração do seu modelo de negócios”, enquanto a Square Enix executou reestruturações para acelerar o uso agressivo da tecnologia. Glen Schofield, criador de Dead Space, revelou planos de utilizar IA generativa para “consertar” a indústria, e ex-desenvolvedores de God of War também defenderam sua adoção como forma de impulsionar a criatividade.

Impacto comercial e reação do público

Mesmo com a polêmica envolvendo o uso de IA, Arc Raiders registrou números expressivos em tempo recorde. Menos de duas semanas após o lançamento, o jogo ultrapassou 4 milhões de cópias vendidas em todo o mundo. Além disso, alcançou um pico de 700 mil jogadores simultâneos em todas as plataformas.Boa parte do sucesso pode ser atribuída à proposta envolvente do título dentro do gênero de extraction shooters. A crítica especializada destacou a progressão intensa, confrontos eletrizantes tanto com NPCs quanto com outros jogadores e a alta qualidade dos loot obtidos. A performance técnica também foi celebrada, com gráficos impressionantes e poucos bugs, mesmo em uma fase inicial de lançamento.Segundo análise publicada pelo Game Lab HQ, Arc Raiders representa um avanço para o gênero e foi classificado com nota 9/10. O review ainda destacou que o jogo conseguiu elevar o padrão do segmento com naturalidade, sem comprometer o desempenho, mesmo diante de sistemas tão complexos.

Caminhos divergentes na indústria

Apesar da tendência crescente, nem todas as empresas assumiram a mesma postura sobre IA. A Nintendo, por exemplo, adota uma abordagem mais cautelosa. O veterano Shigeru Miyamoto já declarou que a companhia prefere seguir uma rota alternativa e menos dependente de sistemas de inteligência artificial em sua produção criativa.Enquanto isso, o restante do setor parece abraçar a tecnologia como uma inevitabilidade. Do desenvolvimento de animações sofisticadas à automação de falas dinâmicas, passando por operações de balanceamento e até suporte ao jogador, o uso da IA se expande de forma consistente e multifacetada.

Observações finais

A defesa da Nexon pelo uso de IA no desenvolvimento de jogos — especialmente em Arc Raiders — reflete uma tendência que já não pode ser ignorada. A aceitação do público, medida pelo sucesso expressivo do título, revela que os jogadores parecem mais preocupados com a qualidade final do produto do que com os meios utilizados para atingi-la.À medida que mais empresas adotam IA de maneira estratégica, debates sobre ética, criatividade e direitos autorais passam a ser centrais. Por ora, Arc Raiders se estabelece como um marco dessa nova era de desenvolvimento, na qual humanos e algoritmos compartilham o processo de criação digital.

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