Nos bastidores do desenvolvimento de mods para Doom, uma crise emergiu após decisões polêmicas envolvendo a principal ferramenta da comunidade. O ambiente colaborativo que sustentava o GZDoom, o sourceport mais utilizado pelos modders, ruiu diante de um impasse entre seu criador e os desenvolvedores ativos.
O estouro veio após a inserção de códigos gerados por inteligência artificial no projeto, atitude vista como irresponsável e contrária às boas práticas. A crise culminou em um racha com a fundação de um novo fork chamado UZDoom.
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O racha na comunidade GZDoom
Durante anos, o GZDoom foi essencial para a criação de conteúdos personalizados e melhorias visuais ao clássico Doom. No entanto, uma série de decisões autoritárias por parte de seu criador, Christoph "Graf Zahl" Oelckers, levou à dissolução da antiga dinâmica colaborativa.
A situação escalou após um pull request inserido diretamente por Oelckers com código escrito por uma IA, sem revisão prévia. O programador Marcus Minhorst (conhecido como the-phinet) contestou a postura, acusando o criador de violar diretrizes de licenciamento e quebrar o fluxo colaborativo do projeto.
Além disso, Minhorst levantou que o código enviado não havia sido testado, comprometendo a estabilidade da base. Quando questionado quanto à transparência, Oelckers respondeu com um contundente “Sinta-se livre para fazer um fork”, atitude que desagradou ainda mais os colaboradores.
Insatisfação acumulada e abandono coletivo
O conflito não surgiu do nada. Havia uma insatisfação crescente com decisões anteriores, como a implementação de filtros de textura que desfocavam os famosos pixels do Doom original, contrariando o visual retrô tão valorizado.
Kaelan Evans, outro desenvolvedor, repreendeu duramente a volta repentina de Oelckers e suas alterações drásticas:
"Você desaparece por um ano, volta, destrói o progresso feito e ainda usa AI para resolver problema já solucionado antes?"
Outro contribuinte, Boondorl, destacou que o GZDoom estava prestes a atingir um novo marco com a versão 5.0, incluindo melhorias de rede e suporte a ray tracing. A entrada abrupta de Oelckers e suas mudanças comprometeram esse progresso.
Diante do impasse, os desenvolvedores seguiram o conselho irônico de Oelckers e criaram o fork UZDoom. Segundo Ricardo Luís Vaz Silva, integrante do novo projeto, o novo sourceport será a continuidade direta do GZDoom 5.0, com todas as promessas mantidas — mas sem a interferência do antigo gestor.
Entre os principais objetivos estão:
- Atualização da netcode para multiplayer moderno.
- Suporte a tecnologias como ray tracing.
- Preservação da compatibilidade com mods anteriores.
- Estabilidade e transparência no desenvolvimento coletivo.
Na prática, apenas a identidade do projeto mudou. Os planos seguem firmes e contam com amplo apoio da comunidade.
Impactos imediatos nos mods e recepção dos desenvolvedores
A ruptura impactou diretamente produções em andamento. O mod Trench Foot, ambientado na Primeira Guerra, anunciou atrasos por depender da base ainda instável do recém-criado UZDoom. Segundo os desenvolvedores do TrenchWork, o calendário de lançamento precisou ser revisto após o colapso organizacional.
Apesar disso, o clima é de otimismo. Sem o controle centralizado que bloqueava implementações pedidas há anos, os desenvolvedores agora têm liberdade para explorar novas ideias e aprimorar múltiplas ferramentas visuais e funcionais.
A promessa é de que UZDoom represente uma nova fase para a cena de mods do Doom, mais democrática e alinhada com as necessidades reais dos criadores de conteúdo independente. O episódio também traz à tona o debate sobre o uso de IA no desenvolvimento colaborativo e a importância da revisão por pares em projetos abertos.
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