“Indiana Jones and the Great Circle” marcou o retorno triunfante do icônico arqueólogo ao mundo dos games, mas o sucesso do título não foi obra do acaso. Por trás do alto grau de autenticidade e imersão aclamadas pela crítica, houve mudanças drásticas e decisões ousadas feitas às pressas nos momentos finais do desenvolvimento.
A equipe da MachineGames enfrentou uma série de reviravoltas ao longo da produção, com muitos dos ajustes mais importantes acontecendo nos últimos meses. Ainda assim, o resultado final arrancou elogios entusiasmados de jogadores e especialistas da indústria.
O que você vai ler neste artigo
Desenvolvimento turbulento e decisões tardias
Durante a Develop Conference em Brighton, Jens Andersson (diretor de design) e Pete Ward (diretor de áudio) compartilharam detalhes sobre a intensa reta final do projeto. O jogo, que levou cerca de cinco anos para ser desenvolvido, só começou a tomar forma completa no último ano — uma realidade comum em grandes produções do setor.
Embora esta abordagem gere incertezas, o estúdio já está acostumado a esse ritmo. Segundo Andersson, decisões como a reformulação completa do sistema de orientação no jogo aconteceram a apenas quatro meses do lançamento. A escolha de permitir a exibição de marcadores apenas no “modo abaixado” foi um risco que acabou elevando a experiência do jogador, equilibrando acessibilidade com imersão.
Áudio: entre burocracias e criações originais
A trilha sonora de “Indiana Jones and the Great Circle” é, sem dúvida, um de seus elementos mais marcantes — mas incluir a música icônica da franquia foi longe de ser um processo simples. Pete Ward relatou que a equipe precisou negociar cuidadosamente com a Lucasfilm para garantir o uso de temas compostos por John Williams. Isso envolveu questões jurídicas complexas, incluindo direitos autorais mecânicos.
Em vez de usar as gravações originais, a trilha foi completamente reorquestrada e gravada novamente, garantindo controle legal sobre o novo material. Alguns temas, como o “Raiders March”, puderam ser usados livremente, enquanto outros, como o tema de Marion ou trilhas específicas do Peru, tinham restrições quanto à quantidade e contexto de uso.
Mudanças radicais e o medo de errar no final
Conforme o lançamento se aproximava, a equipe precisou fazer revisões substanciais em sistemas fundamentais. Um exemplo foi a interface de jogabilidade furtiva, que passou por uma reinvenção seis meses antes da entrega do jogo. Inicialmente baseada em um modelo inspirado em “Fortnite”, a mecânica foi substituída por um estilo mais clássico, mais claro para os jogadores.
Essas decisões não foram tomadas de forma leviana. O diretor criativo Jerk Gustafsson frequentemente consultava setores específicos, como o de áudio, para avaliar os impactos de cada mudança. Ward destacou esse diálogo como essencial: às vezes, uma alteração era fácil de implementar; outras, extremamente custosa. Ainda assim, a comunicação eficaz garantiu que as escolhas fossem assertivas.
Fidelidade histórica obsessiva
Um dos destaques do jogo foi a recriação meticulosa de ambientes históricos. A ambientação nos anos 1930 foi resultado de uma pesquisa exaustiva. Designers e artistas chegaram a visitar locais reais, como o Castel Sant'Angelo, no Vaticano, para captar detalhes com precisão quase fotográfica.
Licenciamento minucioso sob controle da Lucasfilm
Um aspecto pouco conhecido é a complexidade legal envolvida no licenciamento de elementos consagrados da série Indiana Jones. Desde músicas até fontes tipográficas, absolutamente tudo precisou ser licenciado com precisão meticulosa. Ward destacou que até frases originais dos filmes — como a voz de Karen Allen interpretando Marion — tiveram que passar por processo de liberação.
Esse grau de cuidado reforça o compromisso da Lucasfilm e da Disney com a proteção de sua propriedade intelectual. Embora esse processo possa parecer excessivamente restritivo, ele garantiu que todos os elementos do jogo fossem usados da maneira correta e juridicamente segura.
O futuro da franquia com DLCs e possíveis sequências
Com o sucesso crítico consolidado — incluindo uma nota 9/10 pela Game Lab HQ — as expectativas por uma continuação já estão em alta. O final de “The Great Circle” deixa portas abertas, e o próximo conteúdo adicional já tem nome e data: “The Order of the Giants”.
A boa recepção deve incentivar não apenas novos DLCs, mas também projetos futuros da MachineGames com o personagem. Mesmo com os obstáculos e decisões difíceis nos bastidores, o resultado final mostra que, quando tratada com respeito e autenticidade, a franquia Indiana Jones ainda tem muito a oferecer no universo dos games.
Leia também:
- Análise de Mafia: The old Country
- Análise do jogo Blades of Fire
- Avaliação de Lies of P: Overture
- Big Rigs recebe avaliação positiva no Steam apesar de críticas
- Blue Prince: análise completa do intrigante jogo de quebra-cabeça
- Clair Obscur Expedition 33: um clássico forjado na beleza
- Crítica de Lost Records: Bloom & Rage Tape 2
- F1 25 retorna com modo inovador e supera expectativas