Fatal Fury: City of the Wolves é destaque em gameplay

A SNK ressurge com força ao trazer de volta uma das franquias mais emblemáticas dos anos 90. Fatal Fury: City of the Wolves surge como uma sequência direta de Garou: Mark of the Wolves, apostando em um equilíbrio entre herança clássica e inovação técnica.

Apesar do contexto moderno sugerir caminhos amplos, o jogo se mantém fiel ao DNA dos jogos de luta 2D tradicionais. O sistema de combate é o grande destaque, mas a ausência de conteúdos offline mais robustos levanta questionamentos.

Gameplay fiel às origens, mas com releituras atuais

Não é exagero dizer que a jogabilidade de City of the Wolves é a mais sólida da SNK em anos. A fluidez dos comandos e o equilíbrio entre acessibilidade e profundidade técnica mostram atenção tanto aos novatos quanto aos veteranos de longa data da franquia. O título preserva elementos marcantes como o sistema “Just Defend”, que recompensa defesas no momento exato, enquanto apresenta novidades como os modos “Rev” e “Hyper”, que alteram o desempenho ofensivo dos lutadores em tempo real.

Outro ponto que merece destaque é o feeling de impactonos golpes, visivelmente aprimorado graças ao motor gráfico moderno. Os ataques têm peso, as animações são bem intercaladas com quadros de impacto, e o áudio reforça a experiência de cada confronto. A evolução é sutil, mas perceptível para quem acompanha jogos de luta há décadas.

O elenco de lutadores traz figuras clássicas, como Rock Howard e Terry Bogard, ao lado de rostos novos com propostas mecânicas originais. Cada personagem conta com estilos de luta distintos e movimentações únicas, o que ajuda a evitar redundâncias nos confrontos. Entretanto, a variedade de modos de jogo disponíveis ainda deixa a desejar.

Conteúdo offline ainda é uma pedra no sapato

Mesmo com melhorias em vários aspectos, a SNK ainda tropeça em uma das armadilhas mais comuns do gênero: a escassez de conteúdo para um jogador. Para quem busca experiências offline mais amplas, como modo história aprofundado, desafios elaborados ou até mesmo um modo arcade mais robusto, City of the Wolves pode parecer raso.

Fora o clássico modo versus contra a IA e o modo treino, as opções se mostram limitadas. Não há, por exemplo, um modo missão ou desafios de combos específicos como visto em títulos recentes da Capcom. A ausência acaba afastando parte do público que prefere treinar ou se divertir sem depender de conexões online constantes.

Outra crítica importante reside na falta de personalizaçãode personagens ou recompensas mais expressivas para o progresso solo. Não há muitos incentivos que motivem a exploração do jogo além do competitivo online, o que pode restringir seu apelo a longo prazo para quem não planeja enfrentar adversários reais com frequência.

Técnica audiovisual valoriza a identidade da série

Visualmente, o jogo é uma homenagem aos tempos áureos do Neo Geo, mas com o frescor gráfico proporcionado pela atual geração. As cores vibrantes, as telas estilizadas inspiradas em mangás e o uso inteligente de cel shading compõem um resultado artístico coeso e cativante. É um estilo que remete à arte 2D, embora todo o jogo seja desenvolvido em 3D.

A trilha sonora acompanha a identidade de cada lutador — com faixas que misturam rock, jazz e eletrônica — e reforça não apenas o clima das lutas, mas também o legado da franquia. Os efeitos sonoros também são dignos de nota, com variações de impacto que tornam as batalhas mais dinâmicas.

As stages também chamam atenção pelos detalhes urbanos e pelas interações discretas com o ambiente. Embora não sejam destrutíveis ou interativas em nível alto, servem como pano de fundo competente e estilizado, com momentos sutis de vida acontecendo em segundo plano, remetendo ao estilo dos jogos clássicos da década de 90.

Online competitivo com base sólida

No multijogador online, a SNK entrega uma experiência bastante estável. O rollback netcode, tecnologia que já se tornou padrão nos principais jogos de luta, está bem implementado. Em testes, lutas ocorreram com baixa latência, mesmo em partidas contra jogadores internacionais. Isso permite uma disputa equilibrada, especialmente para aqueles que pretendem participar de ligas e campeonatos.

O matchmaking, no entanto, ainda precisa de ajustes. Alguns jogadores relataram dificuldades para encontrar oponentes em níveis equilibrados, o que pode comprometer a curva de aprendizado dos novatos. Uma solução seria a incorporação de lobbies personalizáveis ou modos casuais menos exigentes, similares aos sistemas vistos em Street Fighter 6.

Ainda nesse campo, há um sistema de progressão baseado em rankings, mas com recompensas majoritariamente simbólicas. Falta um engajamento mais profundo com o jogador competitivo casual, que poderia ser atraído com desbloqueáveis ou até eventos sazonais.

Retorno promissor, mas com margem para crescer

Fatal Fury: City of the Wolves se destaca como o melhor lançamento da SNK em mais de uma década. Seu sistema de luta bem afinado, identidade artística marcante e fidelidade ao legado da franquia fazem dele não apenas uma continuação digna de Garou, mas também um concorrente de peso no cenário atual dos jogos de luta.

No entanto, a ausência de um conteúdo offline mais diversificado limita seu potencial de público e pode causar frustração em jogadores menos voltados para o online. Resta aguardar atualizações ou expansões que possam preencher essas lacunas e ampliar o escopo da experiência.

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