O anúncio de Clair Obscur: Expedition 33 chamou a atenção logo nos primeiros segundos de trailer. Com um estilo artístico deslumbrante e promessas de uma narrativa densa, o título francês rapidamente começou a ser apontado como "o Final Fantasy que os fãs queriam".
Desenvolvido pelo estúdio Sandfall Interactive e publicado pela Kepler Interactive, o projeto usa a Unreal Engine 5 para entregar ambientes suntuosos, combate dinâmico por turnos e uma proposta narrativa cujo foco está no drama de personagens que desafiarão o destino.
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Estética de tirar o fôlego
Clair Obscur transpira refinamento visual. A direção de arte aposta em uma fusão entre o realismo fantástico europeu e o surrealismo que remete a pinturas a óleo. As cidades são construídas com detalhes minuciosos, com arquitetura inspirada em Paris do século XIX e traços que evocam a Belle Époque, ao mesmo tempo em que elementos sobrenaturais aparecem de forma quase orgânica.
A paleta de cores é um espetáculo à parte. Ao utilizar tons quentes e sombrios em equilíbrio, o jogo constrói um mundo que inspira tanto contemplação quanto melancolia. É nesse contraste que o jogo aprofunda sua ambientação, com um universo visual que complementa o drama existencial dos personagens.
Mecânicas de combate e inspiração clássica
Embora traga uma roupagem de RPG moderno, Clair Obscur aposta em combates por turnos — uma escolha que imediatamente resgata o sentimento das fases clássicas da franquia Final Fantasy. No entanto, há uma proposta fresca: o sistema Active Turn mistura comandos tradicionais com interações em tempo real, nas quais o jogador precisa executar inputs precisos para defender ou ampliar ataques.
Outro destaque está nas variações de habilidades baseadas no papel dramático dos personagens. Cada herói carrega traumas e objetivos, refletindo diretamente em como suas ações no campo de batalha se manifestam — desde magias com efeitos artísticos até movimentos inspirados em emoções humanas. A interface também valoriza a imersão, com elementos visuais que integram o combate à narrativa.
Enredo com peso emocional e literatura francesa
A trama gira em torno de uma ameaça chamada The Paintress, entidade misteriosa que apaga uma pessoa da existência no mundo dos vivos ao final de cada ano. Em resposta, o grupo Expedition 33 se une para impedir o ciclo ao chegar até a origem da dor: a própria artista. A ideia parte de um conceito metafórico sobre luto, memória e identidade — temas recorrentes na literatura existencialista francesa.
É evidente a influência de autores como Albert Camus e Jean-Paul Sartre na construção do enredo. Os personagens vivem em constante questionamento sobre propósito, livre-arbítrio e sofrimento, com diálogos carregados de filosofia e introspecção. Em meio às batalhas, surgem momentos de quietude que favorecem a reflexão e aprofundam o vínculo entre jogador e enredo.
Comparações com Final Fantasy e Persona
Em muitos aspectos, Clair Obscur parece preencher lacunas deixadas por títulos modernos da Square Enix. A sensação de grandiosidade épica e a valorização do drama humano remetem fortemente a Final Fantasy X e IX, épocas em que a narrativa era prioritária e o mundo proporcionava descobertas emocionantes.
Por outro lado, o jogo também divide similaridades com a série Persona, especialmente na forma como o desenvolvimento psicológico dos integrantes da equipe tem reflexos diretos nos combates e nas missões paralelas. Ao invés de depender apenas da progressão tradicional de níveis, o crescimento emocional molda o poder de cada herói individualmente.
Potencial de clássico e oportunidade para o gênero
O envolvimento da Kepler Interactive como publisher — mesma empresa por trás de Sifu e Tchia — reforça o interesse em experiências marcantes e criativas para públicos interessados em narrativas profundas. Clair Obscur, mesmo ainda sem data oficial de lançamento, tem se posicionado como uma das promessas mais ousadas na nova geração de RPGs narrativos.
Marcar-se como um "novo Final Fantasy" é um peso que poucos jogos conseguem suportar, mas Clair Obscur demonstra ambição e estética suficientes para abraçar essa responsabilidade. Se mantiver o que apresenta nos trailers — uma união harmoniosa entre arte, drama e mecânicas sólidas — tem chances reais de se tornar referência contemporânea no gênero.
Com uma proposta poética e visual arrebatadora, Clair Obscur: Expedition 33 levanta expectativas e acena para um renascimento de narrativas carregadas de emoção, voltadas para fãs que desejam mais do que lutas e números — querem histórias que marquem, influenciem e permaneçam.