Análise de Bubsy 4D: potencial e desafios

Bubsy sempre foi motivo de controvérsia no mundo dos videogames. Um personagem marcado por uma era de mascotes genéricos, pouco carismáticos e soluções de design duvidosas. Porém, Bubsy 4D promete reverter essa narrativa.

O novo título aposta em estética criativa, mobilidade aprimorada e uma abordagem mais ousada. Após testarmos a demonstração no Steam, ficou claro que Bubsy 4D tem potencial, mas também enfrenta obstáculos notáveis até a linha final.

Movimento criativo, mas pouco refinado

A principal qualidade de Bubsy 4D é, sem dúvida, sua mobilidade fluida e variada. O personagem pode saltar, planar, pular duas vezes e até se transformar em uma espécie de bola inflável para ganhar impulso em descidas. Esse conjunto de habilidades garante uma movimentação aérea divertida, especialmente útil para atravessar barrancos e explorar superfícies com diferentes altitudes.

Contudo, esse dinamismo também gera um problema recorrente: a câmera frequentemente não acompanha o ritmo. Em momentos de combinação de saltos e plataformas em sequência, Bubsy pode se adiantar demais, saindo do enquadramento ideal e dificultando a precisão dos movimentos.

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Design de fases limitado e falta de complexidade

Embora o jogo conquiste visualmente com mundos coloridos e temáticos, como o de linhas e agulhas com rodovias feitas de rendas, o layout das fases ainda carece de sofisticação. As rotas principais são pouco desafiadoras, com caminhos previsíveis e elementos de coleta distribuídos de forma pouco criativa.

Essas estruturas lembram títulos da era do PlayStation 1 ou plataformas do Commodore 64 e Amiga, com níveis médios e ramificações claramente expostas. Essa abordagem até permite exploração, mas elimina a sensação de descoberta.

Além disso, é pequena a presença de inimigos nas fases. Os poucos oponentes encontrados são passivos, movimentam-se pouco e oferecem combates pouco inspirados. Em comparação com clássicos como Super Meat Boy ou Portal, falta aquela tensão que torna cada passo uma escolha significativa.

Mecânicas promissoras e desafios mal equilibrados

Há decisões positivas quanto à estrutura básica de aprendizado. O tutorial é direto ao ponto e ensina os comandos com poucas palavras e situações práticas. Isso facilita a familiarização com os saltos combináveis, úteis para dominar a movimentação sem penalidades severas.

Entretanto, nem tudo funciona. Um exemplo nítido é uma corrida obrigatória com tempo limitadoe obstáculos de visibilidade duvidosa. Esse tipo de desafio, típico dos anos 90, cobra memorização em vez de habilidade e deveria estar fora de jogos modernos. Em vez de desafiar, frustra.

Por outro lado, o hub central que permite trocar itens colecionáveis por novos poderes apresenta potencial. Um dos destaques é a habilidade inspirada no Coiote dos desenhos Looney Tunes, que permite “ficar parado no ar” por um segundo após correr por um penhasco. É uma adição charmosa e funcional.

Trilha sonora esquecível, mas dublagem bem executada

No quesito sonoro, o jogo apresenta contrastes. A trilha dos primeiros níveis é repetitiva e se torna cansativa após algumas repetições. Com uma sonoridade que lembra música de elevador com filtro nostálgico de N64, a música não cumpre bem o papel de acompanhar a açãoda tela.

A dublagem, por outro lado, surpreende. A voz de Bubsy reflete um tom sarcástico e autoconsciente, fazendo piada sobre sua própria irrelevância e exaustão com aventuras. Esse aspecto dá alguma profundidade ao personagem, resgatado com uma leve camada de ironia.

O problema aparece nos coadjuvantes — como os sobrinhos irritantes — que parecem replicar os piores estereótipos de personagens secundários dos anos 90, como amigos irrelevantes do Sonic ou a turma estendida dos jogos do Donkey Kong.

Potencial presente, mas execução ainda falta

O sentimento ao final do teste com Bubsy 4D é de um projeto promissor, mas que exige ajustes importantes. O sistema de movimentação tem carisma, os mundos têm identidade e a proposta claramente não busca se levar tão a sério. Ainda assim, questões de design de fase, polimento na jogabilidade e ritmo de progressão precisam de atenção.

Comparado a recentes sucessos do gênero como Astrobot ou Donkey Kong Bananza, Bubsy 4D ainda parece em estado bruto. Há base para algo divertido, mas o trabalho meticuloso de refinamento — que diferencia um jogo médio de um clássico — ainda não está completo.

Se os desenvolvedores da Fabraz conseguirem ajustar esses detalhes até o lançamento oficial, há chance de Bubsy finalmente limpar seu nome no panteão dos mascotes dos games. Até lá, a demo nos dá uma visão moderadamente otimista — ainda que com reservas.

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