Absolum é o tipo de jogo que testa os limites da repetição em nome do progresso. Com um início lento e mecânicas que só revelam seu verdadeiro brilho após horas de tentativa e erro, ele oferece tanto recompensas satisfatórias quanto frustrações evitáveis.
Apesar dos tropeços iniciais, quem persiste descobre que Absolum possui um sistema de combate envolvente, visual impressionante e sabores mecânicos que se destacam, especialmente quando a curva de poder começa a se equilibrar.
O que você vai ler neste artigo
Mecânicas de combate refinadas
Com raízes vindas diretamente do aclamado Streets of Rage 4, Absolum é um beat ‘em up com alma de roguelite onde a agressividade e precisão são peças-chave. O combate inclui personagens com estilos distintos:
- Karl, o anão tanque com um canhão;
- Galandra, uma guerreira élfica com uma espada colossal;
- Cider, ladra ágil com movimentos cibernéticos;
- Brome, um mago antropomórfico em forma de sapo.
Cada personagem possui golpes únicos, ataques especiais e um “Ultimate”, mas o brilho real vem da liberdade de combinar combos, arremessos e reações a ataques inimigos. O jogo recompensa quem aprende movimentos como defletir ataques ou provocar “clashes”, criando espaços para castigar inimigos com estilo.
O peso da estrutura roguelite
Ao optar por um formato onde se morre e volta — repetidamente — Absolum impõe um progresso lento. Elementos centrais de cada personagem, como combos e mobilidade, precisam ser conquistados através de “Inspirações”, itens temporários adquiridos em determinadas rotas. Isso reduz significativamente o impacto inicial do jogo.
Além disso, há um sistema de progressão persistente que exige coletar moedas em runs mal-sucedidas para desbloquear melhorias definitivas. Embora seja padrão no gênero, aqui o grind atrapalha o ritmo. É frustrante perceber que suas falhas derivam mais da falta de upgrades do que de habilidade.
Problemas enfrentados:
- Inicialmente, apenas duas rotas e caminhos são abertos.
- Combates iniciais parecem punições numéricas, não técnicas.
- Itens-chave ficam restritos a caminhos específicos do mapa.
- Recompensas repetitivas e itens ocultos sempre no mesmo lugar.
Narrativa promissora, mas ritmada de forma desigual
A história se passa em Talamh, um mundo arrasado por um cataclisma mágico (clássico do gênero). O vilão, Rei Sol Azra, tomou o controle e subjugou a população e os magos sobreviventes. Como rebelde, o jogador busca vingança e reconquista.
Apesar do pano de fundo interessante, o enredo é entregue de forma morosa. Elementos genéricos de fantasia permeiam os primeiros capítulos. Apenas após várias partidas importantes — e mortes — o jogo ganha camadas mais intrigantes, incluindo reviravoltas e momentos de impacto emocional.
Elementos audiovisuais e homenagens marcantes
Visualmente, Absolum impressiona. Há um cuidado com animações, cores e fluidez. A trilha sonora também é um destaque, misturando temas épicos com tons eletrônicos, sustentando a energia das batalhas.
O jogo também incorpora homenagens sutis e diretas a clássicos. Entre os exemplos:
- A “Gyro Drop” de Cider lembra o “Izuna Drop” de Ryu Hayabusa (Ninja Gaiden).
- Diversas habilidades refletem estilos de jogos como Devil May Cry em ritmo e estilo.
- Controles responsivos remetem a beat ‘em ups tradicionais, só que com mais profundidade.
Repetição: uma faca de dois gumes
O principal entrave de Absolum está em sua estrutura repetitiva. A ausência de um mapa procedural faz com que encontros, cofres escondidos e inimigos sejam sempre os mesmos, especialmente no início. Mesmo sendo uma escolha consciente de design, essa previsibilidade prejudica a rejogabilidade que o gênero pede.
Com o tempo, mais caminhos são desbloqueados, e o jogo oferece montarias, mercenários e cenários alternativos, mas leva muitas horas até esse ponto. Enquanto jogos como Hades mantêm o interesse pela diversidade de eventos em cada run, Absolum aposta numa progressão contida.
Considerações finais
Absolum é uma experiência visualmente impressionante e mecânica refinada que acerta principalmente no sistema de combate. Entretanto, sofre com decisões estruturais ligadas ao seu formato roguelite. O excesso de repetição, a limitação inicial de habilidades e a curva de evolução artificialmente travada impedem o título de alcançar um potencial maior.
Para quem gosta de jogos desafiadores, com aprendizado sob pressão e batalhas com peso, há momentos de pura satisfação. Mas é preciso paciência para extrair o melhor que essa mistura de gêneros oferece.
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