Silent Hill f e a polêmica sobre o estilo Soulslike

A discussão sobre Silent Hill f gerou controvérsias intensas entre fãs, especialmente após a divulgação dos primeiros previews. Elementos como esquiva, ataques leves e pesados, e um sistema de contra-ataques foram apontados como inspirados por jogos da série Souls.

No entanto, mesmo com esses elementos de combate aparente, muitos jogadores questionam se isso é suficiente para classificar o novo título como um Soulslike. A falta de consenso está alimentando um debate acalorado sobre a real definição desse subgênero.

O que define um Soulslike?

O termo Soulslike surgiu a partir do sucesso dos jogos da FromSoftware, como Demon’s Souls, Dark Souls, Bloodborne e Sekiro: Shadows Die Twice. Eles conseguiram criar um estilo singular identificado por mecânicas específicas, que acabam se tornando o núcleo da discussão.

As principais características de um Soulslike incluem:

  • Combate metódico e punitivo, baseado em gerenciamento de resistência (stamina).
  • Morte com penalizações severas, como perda de recursos acumulados (geralmente usados para progressão de personagem).
  • Checkpoints escassos, que resetam os inimigos quando alcançados.
  • Ambientes interconectados, que recompensam a exploração com atalhos e descobertas sutis.
  • Progressão baseada em tentativa, erro e aprendizado de padrões inimigos.

Jogos como Nioh, Blasphemous, Hollow Knight e Lies of P herdam dessas fórmulas e são, com mais ou menos intensidade, reconhecidos como Soulslike. Portanto, o simples fato de ter combate corpo a corpo não basta para categorizar um jogo nesse subgênero.

Visibilidade inteligente para sua marca

Entre em contato e anuncie aqui!

Silent Hill f tem elementos suficientes?

Quando o preview de Silent Hill f foi divulgado, muitos fãs detectaram mecânicas semelhantes: esquiva com tempo preciso, contra-ataques, sistema de trava de mira, ataques leves e pesados, e um modo especial chamado Focus (ativado com L2), que torna mais fácil executar contra-ataques e carregar um ataque poderoso.

No entanto, essas similitudes não são suficientes para grande parte do público. Faltam várias das características marcantes citadas anteriormente, como a presença de checkpoints que resetam o mundo, um sistema pesado de progressão baseado em recursos perdidos com a morte, e um combate atrelado à gestão de resistência.

Além disso, Silent Hill historicamente se firmou como uma franquia voltada à narrativa e atmosfera psicológica, e não à ação e desafio mecânico. A proposta de Silent Hill f, embora mais voltada para o combate, ainda mantém como foco principal o terror, com puzzles baseados em sofrimento psicológico e uma ambientação simbólica, densa e melancólica situada no Japão dos anos 1960.

Debate entre fãs: desinformação e expectativas

Em fóruns como o Reddit, o embate sobre o rótulo de Soulslike no novo jogo reacendeu velhas discussões. Comentários exaltados apontam que o termo está sendo usado de forma desatenta por parte da comunidade:

"Ter um botão de desvio e chefes difíceis é algo presente na metade dos jogos em terceira pessoa. Isso não define um Soulslike", escreveu um usuário indignado.

"Silent Hill f tem talvez um ou dois elementos técnicos, mas carece da estrutura que fundamenta um jogo Souls", reforçou outro comentando em um thread popular.

Mesmo dentro dessa aparente frustração coletiva, há espaço para discordância. Há quem veja as mecânicas como um avanço, e não uma descaracterização da série:

"O sistema de combate está claramente mais profundo, com influências visíveis de jogos de ação mais modernos. Isso pode ser apenas uma evolução para atender o público atual", comentou um fã mais otimista.

Este tipo de transformação também foi abordado pelo produtor Motoi Okamoto, que justificou o foco maior no combate com base no aumento da popularidade dos jogos desafiadores entre jogadores mais jovens.

Silent Hill f segue sendo um survival horror?

Apesar das comparações com Soulslike, Silent Hill f ainda se apresenta como um survival horror. A mudança no estilo de combate pode parecer brusca, mas ainda preserva elementos essenciais do gênero:

  • Atmosfera opressiva, com forte apelo psicológico.
  • Inimigos grotescos e carregados de simbolismo.
  • Recursos limitados e combate focado em sobrevivência, não em performance mecânica.
  • Narrativa profundamente emocional, centrada na trajetória pessoal de Hinako Shimizu, protagonista solitária do jogo.

Além disso, a ambientação — Japão dos anos 1960 — adiciona um novo tempero cultural à saga. Pela primeira vez, ao invés do tradicional vilarejo americano, veremos um retrato de terror enraizado em outra cultura, com novos medos, mitologias e estéticas.

Influências sim, identidade própria também

É inegável que Silent Hill f se inspira em jogos de ação contemporâneos. Sua implementação de combate mais complexo pode ter traços de Soulslike, mas classificá-lo como tal seria ignorar o conjunto mais amplo de intenções narrativas e estruturais que permeiam o projeto.

Classificações de gênero são úteis, mas não absolutas. Games híbridos — especialmente em tempos atuais — desafiam definições rígidas, incorporando múltiplas influências sem necessariamente pertencer a uma única “caixa” de entendimento.

Com lançamento marcado para 25 de setembro para PC, PS5 e Xbox Series, Silent Hill f já demonstrou que está disposto a arriscar com novos elementos. Se essas decisões vão agradar ao público e manter a essência da série ficará claro apenas após os primeiros jogadores entrarem em contato com a experiência completa.

Leia também:

Publicações relacionadas

Cronos: sci-fi e horror em tempos de pandemia

Alien: Rogue Incursion chega renovado com xenomorfos ainda mais mortais

Capcom abandona versão mundo aberto de Resident Evil Requiem