Jogador recria efeito dominó com livros em Oblivion Remastered

Durante a era de ouro de The Elder Scrolls IV: Oblivion, jogadores criaram tradições peculiares aproveitando a física irregular do jogo — como empilhar crânios ou montar elaboradas sequências de dominós. Essa essência criativa ainda vive em sua versão moderna.

Em Oblivion Remastered, um jogador recriou uma dessas façanhas nostálgicas ao alinhar centenas de livros para derrubá-los como peças de dominó. Mais do que um passatempo, o projeto resgata o espírito caótico e encantador dos jogos da Bethesda.

Sete horas de livros e paciência extrema

Um usuário conhecido como Muaxh03 dedicou cerca de sete horas ao desafio de organizar livros para criar uma sequência funcional de dominós. A tarefa envolveu não apenas paciência, mas também lidar com a física imprevisível da engine — herança dos jogos clássicos da Bethesda. Para evitar interferências externas, ele desativou NPCs e utilizou objetos variados, como uma espada, para completar o trajeto.

O processo foi meticuloso. Nos primeiros minutos, Muaxh03 teve que aprender a “posicionar” os livros manualmente, uma vez que o sistema de manuseio de objetos em Oblivion é primitivo em comparação com produções mais recentes, como Fallout 4 ou Starfield. Muitas tentativas resultaram em falhas, com livros caindo antes da hora por pequenos desvios nos cálculos da física do jogo.

Ademais, as escadas serviram como um dos maiores obstáculos, exigindo novas tentativas a cada tentativa fracassada. O jogador relatou que, em diversos testes, a mesma configuração apresentava resultados completamente diferentes após o carregamento do game. Sem um sistema estável de salvamento para esse tipo de interação, qualquer erro podia custar horas de progresso.

Física irregular como fonte de criatividade

A decisão de recriar a experiência dos dominós em Oblivion não é apenas uma homenagem à nostalgia. Trata-se de reafirmar que a física pouco confiável — e até mesmo “defeituosa” — do motor gráfico da Bethesda continua sendo um atrativo. Esse comportamento permite que jogadores explorem pequenas brechas e desenvolvam formas criativas de interação com os objetos do mundo virtual.

Nas palavras do próprio criador, "quase toda vez que carregava o jogo, algo dava errado". Essa imprevisibilidade aumentava o desafio e fazia parte da diversão, transformando algo simples como empilhar livros em uma tarefa épica. Além disso, o vídeo original de Muaxh03 ganhou destaque após o criador denunciar que outro usuário havia roubado sua gravação e publicado sem créditos, com a marca d’água intencionalmente borrada.

Comunidade ativa impulsiona Oblivion Remastered

Apesar do pouco tempo desde seu relançamento, Oblivion Remastered já movimenta uma comunidade engajada de modders. Entre correções de sistemas antigos e adições criativas, os fãs seguem expandindo as possibilidades do jogo. Já há modificações que ajustam o balanceamento de itens, alteram o sistema de progressão e até introduzem modos infinitos para facções como a Dark Brotherhood.

Ainda que existam mods inusitados — inclusive de gosto duvidoso — muitos usuários seguem resgatando a essência do jogo original com criatividade. A recriação das cadeias de dominós com objetos do jogo é um exemplo dessa dedicação em mesclar humor, desafio técnico e nostalgia em um único projeto.

Muito além da nostalgia: uma arte dentro da bagunça

O exemplo de Muaxh03 revela algo particular no design da Bethesda: mesmo com limitações, ou justamente por causa delas, o jogo permite um leque de possibilidades emergentes. O instável sistema de física, longe de frustrar completamente, abre espaço para experimentações como empilhar livros, testar reações imitadas em cadeia e rir dos resultados exagerados.

Esse tipo de experiência é rara nos jogos mais modernos, onde a perfeição gráfica e o controle rígido do ambiente limitam a espontaneidade. Em Oblivion, por outro lado, a imperfeição se transforma em palco para criatividade.

Ao final, essa tradição renasce não como uma simples lembrança, mas como uma reafirmação de que os jogos também podem ser divertidos quando burlam as próprias regras, tanto no caos quanto na engenhosidade.