Por que poucos consoles portáteis possuem tela OLED?

A corrida por inovação no setor de consoles portáteis está em alta. Até mesmo grandes lançamentos como o ROG Ally X e o Lenovo Legion Go querem dominar o espaço, mas ainda deixam a desejar em um ponto visual crucial. E, novamente, com o anúncio do Nintendo Switch 2, o mesmo padrão persiste.

A ausência de telas OLED nesses dispositivos levanta questões sobre decisões estratégicas e prioridades de mercado. Afinal, em uma era marcada por experiências visuais imersivas, por que os principais portáteis ainda apostam em painéis LCD?

A diferença que o OLED oferece

Monitores OLED possuem uma vantagem tecnológica clara: cada pixel emite sua própria luz, o que elimina a necessidade de retroiluminação. Isso permite contrastes profundos, cores vibrantes e pretos verdadeiros — características que alteram completamente a experiência visual, especialmente em jogos com direção de arte detalhada ou em cenas noturnas.

Ao contrário dos painéis LED, que usam retroiluminação uniforme, o OLED proporciona escurecimento absoluto em partes da tela que exibem preto. O resultado é uma imagem com muito mais profundidade e fidelidade. O impacto ao usar um dispositivo com tela OLED é evidente mesmo em simples navegações no menu; tudo parece mais vivo e definido.

ROG Ally X e Legion Go: desempenho com telas comuns

Ambos os modelos — ROG Ally X da ASUS e Legion Go da Lenovo — têm como foco o desempenho bruto, com recursos como processadores modernos, suporte a gráficos intensivos e arrefecimento ativo. No entanto, sem painéis OLED, deixam escapar um ponto sensível: a qualidade do display.

Esse tipo de escolha pode estar atrelado a limitações técnicas e logísticas:

  • Custo adicional de produção das telas OLED.
  • Preocupações com burn-in, mesmo com testes recentes apontando melhora.
  • Maior demanda energética em picos de brilho, o que impacta a já limitada autonomia das baterias desses aparelhos.

Por outro lado, consumidores mais exigentes em qualidade de imagem acabam se decepcionando com telas que, embora tenham altas resoluções, não entregam o mesmo impacto visual que seus concorrentes com OLED.

Nintendo Switch 2 surpreende pela escolha

Após o sucesso do Nintendo Switch OLED, a expectativa era de que a nova geração manteria essa característica. Contudo, a empresa japonesa optou por um painel LCD para o Nintendo Switch 2, mesmo adicionando suporte a HDR.

Segundo porta-vozes da Nintendo, avanços em tecnologia LCD teriam justificado a decisão. A promessa é que a nova tela ofereça melhor eficiência energética e maior brilho. No entanto, ainda não se sabe qual será o desempenho real do HDR em um painel que, por natureza, não consegue reproduzir pretos tão profundos nem contrastes tão nítidos quanto o OLED.

A comunidade, especialmente os usuários mais familiarizados com o modelo atual OLED, demonstrou frustração. Afinal, a experiência visual de jogos com ambientações incríveis, como Breath of the Wild ou Metroid Dread, realmente ganha outra vida em uma tela autoiluminada.

Custo x benefício: O dilema das fabricantes

A principal justificativa do mercado para manter painéis LCD parece ser econômica. Com a pressão para manter aparelhos dentro de faixas acessíveis — especialmente em meio à inflação global e alta de tarifas de importação — cortar custos com displays faz sentido.

Além disso, telas OLED apresentam desafios técnicos específicos:

  • Vida útil reduzida em comparação ao LCD, especialmente sob uso intenso.
  • Maior sensibilidade ao burn-in, o que pode ser crítico em jogos com elementos estáticos, como barras de saúde ou HUDs.
  • Limitações de brilho em grandes áreas claras, o que compromete a legibilidade em uso externo.

Entretanto, produtos como o Steam Deck OLED mostram que é possível encontrar um meio-termo. Com melhorias substanciais em autonomia e refrigeração, a Valve entregou uma versão superior do produto sem mudanças estruturais profundas — somente trocando a tela.

O impacto da escolha na experiência final

Jogadores que já experimentaram um OLED ressaltam o salto de qualidade na experiência como um divisor de águas. Elementos como a paleta de cores em jogos indie ou o design artístico estilizado se destacam mais, ampliando a imersão.

Ignorar essa tendência pode custar às fabricantes parte do seu apelo competitivo. Com os preços desses portáteis cada vez mais próximos dos consoles tradicionais, espera-se que a experiência visual esteja à altura.

E, com a chegada de televisores OLED capazes de atingir até 400 nits em brilho total, conforme últimas inovações de LG e Samsung, torna-se ainda mais difícil justificar o uso de opções inferiores no setor portátil.

Considerações finais

A ausência de OLED em modelos como ROG Ally X, Legion Go e o novo Switch 2 evidenciam uma orientação comercial focada em custo-benefício e acessibilidade. No entanto, fica claro que telas OLED não são apenas um luxo, mas um diferencial competitivo real.

A pressão do mercado e o avanço contínuo da tecnologia podem, em breve, obrigar as fabricantes a reconsiderarem. Para quem já usa OLED, qualquer outro painel parece um retrocesso — e convencer esse público a voltar para o LCD será um desafio cada vez mais difícil de justificar.

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