“Pivot of Hearts” mergulha em questões afetivas com um olhar sincero e contemporâneo. Ambientado em São Paulo, o jogo acompanha a trajetória de um programador taiwanês-brasileiro, que, após anos de isolamento, decide se reconectar com o mundo ao seu redor.
A narrativa foca em relações não-monogâmicas, exploradas sem idealizações ou clichês. Desenvolvido pela Dragonroll Studio, o título representa uma proposta inédita no cenário dos games brasileiros.
O que você vai ler neste artigo
Projeto de estreia da Dragonroll Studio
A Dragonroll Studio surge no mercado de jogos independentes com uma proposta clara: criar histórias autênticas, com diversidade cultural e emocional. “Pivot of Hearts” é o primeiro título do estúdio e carrega o comprometimento da equipe com narrativas que desafiam padrões estabelecidos.
A escolha por protagonistas com heranças multiculturais — como no caso do personagem principal, taiwanês-brasileiro — é intencional. A vivência em São Paulo, cidade marcada pela pluralidade, atravessa toda a escrita do jogo, reforçando a identidade nacional sem exotificar suas raízes asiáticas.
Além disso, a direção de arte aposta em visuais intimistas e expressivos, com influências que vão das novelas gráficas japonesas à estética urbana brasileira. Essa combinação visual amplia a identificação com o público local, sem deixar de dialogar com tendências globais do gênero visual novel.
Narrativa e representatividade afetiva
O ponto central da trama gira em torno da vida emocional do protagonista. A decisão de retratar a não-monogamia de forma não estereotipadafoi uma diretriz criativa importante. Fugindo da tradicional lógica do “triângulo amoroso”, o jogo propõe rotas de relacionamento múltiplas, mas sempre com profundidade emocional e respeito pelas escolhas dos personagens.
Segundo os desenvolvedores, a narrativa foi construída com o auxílio de consultorias e referências éticas para abordar a não-monogamia sem reduzir a temática a fetichismos ou conflitos melodramáticos. Essa representação mais humanizada é reforçada através de diálogos bem escritos, escolhas morais e uma estrutura de relacionamento fluida.
Em vez de premiar uma rota “correta”, o game permite que o jogador molde vínculos que variam em forma e intensidade. Cada personagem secundário tem um arco próprio, ampliando o leque de afetos e formas de conexão disponíveis no jogo.
Tradição do romance interativo com sotaque brasileiro
Embora o gênero visual novel tenha raízes bem estabelecidas no Japão, “Pivot of Hearts” busca consolidar um caminho próprio. Os elementos clássicos do estilo — como as escolhas de múltiplos caminhos, narrativa em primeira pessoa e foco em interações amorosas — são mantidos. No entanto, há um esforço nítido de enraizar esses códigos narrativos no contexto social e linguístico do Brasil.
Diálogos com gírias paulistas, referências à cultura alimentar local e cenários que vão do transporte público às ruas do centro histórico conferem realismo à proposta. O jogo também evita a sexualização gratuita, apostando em intimidade emocional como motor da narrativa.
Essa brasilidade, longe de limitar o alcance do jogo, serve como diferencial em um mercado saturado de títulos semelhantes vindos do exterior. Ao adaptar o gênero à realidade brasileira, a Dragonroll Studio amplia a acessibilidade e fortalece a conexão com o público local.
Recepção do público e perspectivas futuras
Desde seu lançamento, “Pivot of Hearts” tem sido bem recebido por comunidades interessadas em diversidade afetiva e representatividade. Críticos destacam a sofisticação dos diálogos e o cuidado com a construção das personagens, especialmente no que diz respeito à complexidade emocional delas.
Jogadores também elogiaram a forma como o game lida com temas menos abordados nos jogos tradicionais, como luto, vulnerabilidade masculina e redes de apoio. A abordagem sensível foi apontada como um dos fatores que tornam a experiência envolvente e inovadora.
A Dragonroll Studio já indicou que pretende seguir investindo em temas similares em projetos futuros. A expectativa é ampliar o catálogo com novos títulos que mantenham o tom intimista, mas com novos recortes culturais e afetivos.
Ao propor uma nova forma de escrever e jogar histórias românticas, “Pivot of Hearts” amplia o escopo de atuação dos jogos brasileiros e reforça a ideia de que o afeto, quando representado com cuidado, pode ser tão impactante quanto qualquer aventura épica.
Leia também:
- Blue Prince pode ser indicado ao Goty 2025 no The Game Awards
- Desenvolvedor transforma demissão em sucesso com jogo de vingança
- Frostrail: novo survival FPS co-op anunciado para 2026
- Jogos experimentais: inovando na indústria de games
- Jogos indie: a crescente cena dos desenvolvedores independentes
- Lunacid: prequela gratuita surpreende fãs de RPGs