Preencher o vazio deixado por “Marathon” pode parecer tarefa difícil, sobretudo para os fãs de FPS clássicos com alma retrô. No entanto, Supplice surge como uma grata surpresa, oferecendo uma experiência rica em ação acelerada, ambientação sci-fi e narrativas densas espalhadas por terminais que remetem diretamente ao legado da Bungie.
Mesmo ainda em acesso antecipado, Supplice mostra maturidade e personalidade própria, com uma identidade visual eletrizante e uma trilha sonora prog-metal arrebatadora. E mais: o jogo acaba de receber seu quarto episódio, elevando ainda mais o nível da jornada.
O que você vai ler neste artigo
Afinal, o que é Supplice?
Supplice é um FPS de tiro retrô desenvolvido por veteranos na criação de modificações para Doom — mais exatamente pelo grupo Mekworx. O projeto, que tem crescido dentro do motor gráfico GZDoom, é inspirado diretamente na trilogia clássica Marathon, mas caminha com as próprias pernas ao misturar ação old school com reflexões modernas sobre inteligência artificial e decadência tecnológica.
A premissa é simples, mas eficiente: uma colônia espacial está à beira do colapso por invasores alienígenas. Cabe ao jogador navegar por ambientes labirínticos, combater hordas de inimigos grotescos e interagir com AIs que, ao contrário dos de Marathon, não têm pretensões místicas. Ao invés disso, demonstram limitações, mal-entendidos e até lapsos cômicos — um reflexo direto dos chatbots contemporâneos.
Narrativa e construção de mundo
Os fãs de roteiros bem-escritos encontrarão em Supplice uma mina de ouro. Os terminais espalhados nos mapas não poupam folhas de texto detalhado, carregado de contexto e atmosfera. A influência de Marathon é nítida, com o uso de uma narrativa indireta que se desenha ao ritmo da exploração e da descoberta.
- Os AIs do jogo são retratados como entidades imperfeitas, contaminadas por decisões de dados mal treinados — uma crítica sutil ao tipo de IA que já faz parte de nossas vidas modernas.
- O enredo levanta questionamentos éticos sobre automação, vigilância e propósito.
Essa abordagem mais ácida e comedida na construção de cenário oferece profundidade tonal à violência estilizada que domina as fases.
Jogabilidade e arsenal
Supplice é, antes de qualquer coisa, um game feito para os amantes da velha guarda. O movimento é rápido, a dificuldade crescente e o design dos mapas exige atenção constante.
- Níveis labirínticos: a navegação é complexa, exigindo que o jogador recorra com frequência ao mapa.
- Combate visceral: cada arma tem peso, e o feedback dos disparos, como a escopeta robusta, é extremamente satisfatório.
- Novos elementos: com o episódio "An Anthem of Hammers", o jogador ganha o traje Lava Suit para suportar ambientes com magma, além de novidades como o Fission Dynamo e cinco tipos de inimigos adicionais.
Além disso, Supplice oferece suporte extenso à comunidade modder, devido à compatibilidade com ferramentas de criação da era Doom.
Aspectos audiovisuais e trilha sonora
Se a jogabilidade impressiona, os aspectos audiovisuais não ficam para trás. A estética, agora com tons avermelhados e metálicos derivados de fundições industriais, traz frescor ao visual pixelado.
Destaque especial para a trilha sonora, assinada por compositores que mesclam prog-metal com jazz e outros estilos experimentais — incluindo solos de saxofone, um toque raro e sofisticado. Essa mistura eleva a experiência, criando picos de intensidade e momentos contemplativos inesperados.
Um olhar para o futuro
Com planos para seis episódios ao todo, Supplice ainda tem muito a oferecer. A cada nova atualização, o jogo se torna mais robusto e refinado, cumprindo o que promete sem cair em armadilhas de monetização excessiva ou design genérico.
- Atualmente, está disponível por cerca de $10(ou £8) em acesso antecipado no Steam.
- Existe também a opção de adquirir Supplice em bundle com o FPS Incision, outro título retrô que está prestes a sair do acesso antecipado.
Enquanto o reboot de Marathon tenta sair da sombra de seu escândalo estético e redefine sua proposta como extração shooter, Supplice se mostra um sucessor espiritual orgânico e promissor para os fãs do gênero — e sobretudo, para quem busca mais do que tiroteios: busca envolvimento, lore e personalidade.
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