A estreia de Steel Ball Runmarcou uma transformação audaciosa no universo de JoJo’s Bizarre Adventure, redefinindo completamente os rumos da franquia. Publicada originalmente em 2004, a sétima parte da saga representou mais que uma nova fase: selou o início de um novo mundo narrativo, ousado e surpreendente.
O mangá apresentou ao público uma trama reiniciada, com novos conceitos e versões alternativas de personagens familiares, elevando a atenção dos fãs e atraindo novos leitores com sua ambientação no Velho Oeste americano do século XIX. A aposta deu certo — e colocou JoJonovamente em evidência.
O que você vai ler neste artigo
O que é Steel Ball Run?
Steel Ball Runé a sétima parte do mangá JoJo’s Bizarre Adventure, criado por Hirohiko Araki. Publicada entre 2004 e 2011, a obra foi lançada inicialmente na revista Weekly Shonen Jump, mas migraria posteriormente para a Ultra Jump, refletindo sua mudança de público: com fortes temas filosóficos, dilemas morais complexos e cenas mais maduras, o arco deixou de focar apenas na ação juvenil para abraçar narrativas mais complexas.
A história se passa em 1890, nos Estados Unidos, e gira em torno de uma competição: uma corrida transcontinental de cavalos, partindo de San Diego até Nova York. A chamada “Steel Ball Run” envolve diversos participantes — cada qual com suas motivações — e entrega desde o início conspirações políticas, poderes sobrenaturais e batalhas estratégicas.
Mudança de universo e cronologia
Um dos pontos mais marcantes de Steel Ball Runfoi sua ruptura com a continuidade tradicional vista nas seis primeiras partes de JoJo’s Bizarre Adventure. A obra inaugura uma nova linha do tempo, um universo paralelo que reinventa personagens, poderes (os famosos ‘Stands’) e até eventos históricos. Em vez de seguir diretamente o legado da família Joestar da cronologia original, Araki optou por criar um “reboot” estruturado, mas respeitando os pilares míticos da franquia.
O protagonista, Johnny Joestar, é uma versão alternativa do tradicional herói do clã Joestar, enquanto Gyro Zeppeliassume o papel de mentor, evocando o legado dos Zeppeli da linha do tempo anterior. A escolha de nomes conhecidos, mas reimaginados, criou um vínculo nostálgico com os leitores de longa data, ao mesmo tempo que mantinha a obra acessível a iniciantes.
A corrida: mais do que velocidade
Embora o pano de fundo de Steel Ball Runseja uma corrida de cavalos, a narrativa vai muito além de uma simples competição esportiva. Cada etapa do percurso apresenta desafios sobrenaturais, embates físicos e psicológicos, armadilhas, e doses generosas de política e geopolítica. O prêmio de 50 milhões de dólares atrai desde pistoleiros até espiões, e o foco narrativo alterna entre momentos de ação intensa e diálogos introspectivos.
Um dos maiores destaques está na dupla principal, Johnny e Gyro, cuja evolução fortalece não apenas a história, mas também o laço entre mentor e aprendiz. Johnny, um jovem paraplégico amargo, redescobre seu propósito e humanidade ao longo do percurso, enquanto Gyro opera com um misto de mistério e sabedoria empírica, sendo o responsável por ensinar a técnica das “Steel Balls”, esferas de rotação com propriedades quase alquímicas.
Elementos sobrenaturais e crítica social
A sétima parte redobrou a complexidade na construção dos Stands, com habilidades mais criativas e exigindo estratégias para além da força bruta. Um exemplo memorável foi o desenvolvimento do Stand de Johnny, Tusk, dividido em “Actos” cujo poder evolui à medida que o herói conquista autoconhecimento e objetivo moral.
A presença do presidente dos Estados Unidos, Funny Valentine, como grande antagonista, inseriu um forte teor político ao enredo. Detentor do Stand Dirty Deeds Done Dirt Cheap (D4C), Valentine usa sua capacidade de manipular realidades paralelas para preservar uma visão distorcida de patriotismo. A crítica ao extremismo nacionalista e manipulação do poder ecoa temáticas atuais, valorizando ainda mais a leitura de Steel Ball Runcomo uma fábula madura e contemporânea.
Estilo visual e amadurecimento narrativo
Outro aspecto que consolidou Steel Ball Runcomo o recomeço mais importante da franquia foi o estilo artístico de Hirohiko Araki, que atingiu um novo patamar de sofisticação. A mudança nos traços refletiu a estética moderna da obra: linhas mais refinadas, figuras humanas com proporções mais realistase cenários inspirados na iconografia do faroeste norte-americano. Isso marcou o distanciamento definitivo do traço exagerado dos anos 80.
Esse amadurecimento visual acompanhou igualmente uma melhor estruturação narrativa. A progressão dos eventos se deu com ritmo contínuo e crescente complexidade psicológica. Personagens não se resumiam a arquétipos: tinham passados sombrios, contradições morais e objetivos que evoluíam conforme os acontecimentos.
Legado de Steel Ball Run
Com o término de Steel Ball Runem 2011, Hirohiko Araki consolidou o novo universo com a oitava parte, JoJolion, criada a partir do mesmo contexto do reboot. Por isso, muitos leitores e críticos consideram essa fase como um ponto crucial de renascimento para JoJo’s Bizarre Adventure. A liberdade criativa adquirida na Ultra Jumppermitiu a Araki abordar temas mais profundos, experimentar estruturas narrativas diferenciadas e consolidar a franquia como uma obra de conceito elevado.
Além disso, a recepção crítica e o engajamento do público garantiram que a série pudesse continuar por mais de uma década. Fãs de longa data se mostraram receptivos ao novo universo, enquanto novos leitores encontraram em Steel Ball Runuma porta de entrada mais acessível e estilisticamente arrojada para conhecer a complexidade da saga.
A audácia de reinventar todo o cânone principal foi, sem dúvida, um risco — mas que resultou em uma das decisões mais acertadas e reverenciadas dentro do mangá moderno.
Conclusão
Steel Ball Runnão apenas resgatou o frescor criativo da série, mas redefiniu o que JoJo’s Bizarre Adventurepoderia ser. Com um enredo inovador, arte refinada e personagens repletos de profundidade, Araki demonstrou que ainda havia muito a dizer nesse universo. Foi mais que um novo começo: foi o renascimento de uma lenda.
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