Ao assistir à épica sequência final de "O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei", muitos fãs se perguntaram por que Aragorn não usou o exército dos mortos diretamente contra Sauron. A imagem impactante da força invencível levanta uma dúvida lógica diante do poder do Senhor do Escuro.
Embora a cena cause essa impressão, a decisão de Aragorn tem motivos sólidos tanto narrativos quanto estratégicos. A seguir, analisamos os fatores que fundamentam essa escolha crucial no desfecho da saga.
O que você vai ler neste artigo
O pacto com os mortos e seu limite
O Exército dos Mortos, também conhecido como os Condenados de Dunharrow, era composto por fantasmas que quebraram um juramento feito a Isildur. Aragorn, como herdeiro legítimo, foi o único capaz de exigir deles o cumprimento da promessa.
- Aragorn prometeu libertá-los após ajudarem na batalha contra os Corsários de Umbar.
- Após a vitória, ele honra sua palavra, livrando-os da maldição.
- Manter esse exército seria trair a confiança e desrespeitar o trato selado.
Portanto, Aragorn agiu sob princípios de honra e liderança, evitando repetir os erros de seus antepassados que favoreceram a queda de Númenor e corromperam alianças por ganância de poder.
A natureza do Exército dos Mortos
Apesar de seu poder esmagador no campo de batalha, os Mortos possuem limitações importantes:
- Combatem apenas como forma de redenção.
- Não são controláveis além do juramento.
- Prolongar sua presença poderia levar à corrupção ou desequilíbrio espiritual.
Dessa forma, usá-los além do necessário iria além da função que estavam destinados a cumprir. Na mitologia de Tolkien, forças sobrenaturais possuem restrições morais e cósmicas.
Finalidade do confronto contra Sauron
O ataque final ao Portão Negro não foi concebido para vencer fisicamente as forças de Sauron, mas para distraí-lo. O verdadeiro objetivo era dar tempo para Frodo destruir o Um Anel no coração de Mordor.
A presença dos Mortos nessa missão comprometeria esse plano:
- Fornecer força demais chamaria atenção para o engodo.
- Um ataque tão poderoso mudaria a estratégia e o foco de Sauron.
- A função era criar esperança e inspirar os homens, não vencer com poder sobrenatural.
Aragorn compreendia bem isso e liderou não com força máxima, mas com coragem e fé na missão principal.
Simbolismo da escolha de Aragorn
Do ponto de vista narrativo, a libertação dos Mortos é também a libertação do próprio Aragorn de seu passado. Ele se torna rei não por poder bélico, mas por integridade, justiça e respeito às leis de Arda.
Além disso, a cena reforça que a vitória sobre Sauron não vem por força, mas por pequenos atos de bravura:
- Frodo e Sam carregando o Anel.
- Gollum, mesmo sem intenção, sendo peça decisiva.
- Os povos livres escolhendo o sacrifício.
Todos esses elementos destacam que o bem triunfa quando há honra, não pela dominação total.
A dualidade entre poder e responsabilidade
Em última análise, o recado por trás da escolha de Aragorn é ético. Ter acesso ao poder absoluto e decidir não usá-lo em benefício próprio é o maior exemplo de sabedoria. Assim como Frodo carrega o Anel sem usá-lo para dominar, Aragorn lidera sem se permitir corromper.
Essa decisão não apenas mantém a coerência com o mundo criado por Tolkien, mas amplia a profundidade do personagem. Ele não só vence como guerreiro, mas ascende como verdadeiro rei dos Homens.