Nintendo paga fã após cancelamento de filme

Pode soar inusitado, mas uma promessa da Nintendo acabou se transformando em uma situação fora do comum. Tudo começou com uma promoção feita pela revista Nintendo Power em 1995, que oferecia uma vaga como figurante no futuro filme “O Máskara 2”.

O problema é que a sequência estrelada por Jim Carrey jamais saiu do papel naquela época, deixando a empresa em uma posição embaraçosa — e o vencedor do concurso, sem o prometido papel em Hollywood.

A promoção que nunca se concretizou

Na edição de outubro de 1995 da revista Nintendo Power, os leitores foram convidados a participar de uma competição valendo uma participação especial no então planejado “O Máskara 2”. O concurso foi inspirado no sucesso de público do primeiro longa estrelado por Jim Carrey.

O ganhador foi Nathan Ryan Runk, na época com 12 anos. Segundo contou ao site Destructoid, ele raramente se envolvia nesse tipo de promoção, mas, sendo fã de Jim Carrey, resolveu tentar a sorte — e venceu. De início, tudo parecia seguir como o prometido: ele passou a receber cartas da revista falando sobre o desenvolvimento do filme e mantendo expectativas em alta.

O silêncio prolongado e o pedido de desculpas

Com o passar dos meses, nenhuma confirmação concreta sobre o filme era enviada. Runk começou a suspeitar que o projeto não iria à frente. Suas dúvidas se confirmaram em novembro de 1996, quando recebeu da Nintendo uma carta oficial pedindo desculpas pela situação. Como forma de compensação, a empresa enviou brindes e um "prêmio de consolação".

Entre os itens incluídos estavam jogos de Super Nintendo — incluindo um baseado em “O Máskara” — e uma jaqueta supostamente da equipe do hipotético filme. Além dos presentes, a Nintendo ofereceu duas alternativas para encerrar a questão com o jovem vencedor.

A recompensa financeira inesperada

A Nintendo Power concedeu a Nathan duas opções: aguardar, indefinidamente, pela possível produção do longa ou aceitar uma oferta em dinheiro de US$ 5 mil. De forma pragmática, o garoto optou pelo dinheiro, encerrando ali sua caminhada rumo a Hollywood.

Durante a conversa telefônica para formalizar o acordo, funcionários da Nintendo perguntaram se havia algo mais que ele desejava. Ele comentou que tinha acabado de adquirir um Nintendo 64 e estava interessado no jogo Pilotwings 64. Em poucos dias, recebeu o game junto ao cheque com o valor acordado.

Uma sequência que veio tarde e sem brilho

Curiosamente, “O Máskara” teve, sim, uma continuação anos depois. Em 2005, foi lançado "O Filho do Máskara", mas o título foi amplamente criticado por não contar com o elenco original. Jim Carrey não retornou ao papel principal, o que impactou negativamente o prestígio do longa junto ao público.

O novo filme, protagonizado por Jamie Kennedy, mostrava um desenhista cuja criança herda os poderes da lendária máscara. Diferente da proposta inicial de figurantes em um blockbuster estrelado por Carrey, a realização desse projeto ficou muito aquém das expectativas criadas uma década antes.

O caso que mostra a flexibilidade da Nintendo

Apesar de ser conhecida por sua postura rígida com relação a propriedade intelectual — como exemplificado recentemente em cláusulas contratuais sobre bloqueios de console —, esse episódio do passado mostra uma faceta mais conciliadora da Nintendo.

Ao lidar com a frustração do jovem ganhador de maneira transparente, efetiva e até generosa, a empresa evitou um escândalo ou uma possível crise de imagem. Além disso, reforçou a importância do engajamento com seus fãs, mesmo que por vias nada convencionais.

Nathan Runk não teve sua chance em Hollywood, mas ganhou uma história única para contar — e um presente que, para um garoto dos anos 90, valia cada centavo.