Animal Crossing enfrentou desafios para sua estreia fora do Japão

Antes de conquistar milhões de jogadores ao redor do mundo, Animal Crossing enfrentou um árduo caminho até sair do Japão. A proposta peculiar do jogo, profundamente enraizada na cultura japonesa, gerou ceticismo dentro da própria Nintendo.

Mesmo grandes executivos da empresa, como Satoru Iwata, expressaram descrença quanto à viabilidade do título fora do Japão. No entanto, a equipe de localização liderada por Leslie Swann assumiu o desafio.

O desafio de localizar Animal Crossing

Durante os primórdios da franquia, Animal Crossing era conhecido como Animal Forest (Dōbutsu no Mori) e lançado exclusivamente para Nintendo 64 no Japão em 2001. Inicialmente, não havia planos concretos para levá-lo a outros mercados, principalmente pela complexidade envolvida.

A maior dificuldade estava na enorme quantidade de textos presentes no jogo e nos numerosos elementos culturais japoneses, incluindo feriados, itens e padrões de diálogo. A localização exigia mais do que simples tradução; era necessária uma adaptação completa da experiência de jogo.

Segundo Leslie Swann, então responsável pela equipe de localização na Nintendo of America, até mesmo Satoru Iwata se surpreendeu ao saber que o projeto seria levado adiante. O executivo teria rido ao ouvir que o estranho e denso Animal Forest seria adaptado para o Ocidente, cético de que isso fosse possível.

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Adaptação cultural minuciosa

A tarefa hercúlea envolvia renomear todos os personagens, criar frases de efeito originais para cada um e reformular os eventos sazonais segundo o calendário ocidental. Era essencial que o jogo mantivesse sua essência, mas também se tornasse compreensível e cativante fora do Japão.

Swann destacou que o time inteiro de localização foi alocado no projetopor meses, devido à sua magnitude. Diariamente, reuniões eram realizadas para discutir a nomenclatura de móveis, a criação de bordões e a reavaliação de todos os objetos, para assegurar que tivessem sentido para os jogadores fora do Japão.

Além disso, o cuidado foi tamanho que cada nome, frase e conceito teve que passar pela equipe jurídica da Nintendo para garantir que fossem legalmente viáveis e, sobretudo, comercializáveis em futuros produtos licenciados.

A escolha do nome definitivo

Inicialmente, até o título do jogo sofreu com indecisões. Havia a intenção de manter a palavra “Forest” no nome final, como referência direta ao título original japonês. Propostas como “Animal Acres” estavam entre as favoritas da equipe, pela conotação de território dividido por quadras, ou "acres", como no jogo.

Contudo, após meses de análises, a marca "Animal Crossing" foi a escolhida – mesmo tendo enfrentado uma longa espera até sua aprovação. A escolha refletia o conceito de travessia entre mundos e espécies diferentes, mais abstrato, mas eficaz em transmitir o espírito do jogo.

Um lançamento que levou anos

A versão localizada só chegou ao Ocidente com o Nintendo GameCube, onde Animal Crossing foi relançado em versão expandida. Embora o lançamento ocidental tenha ocorrido apenas em 2002 — mais de um ano depois do original japonês — o esforço compensou: o público abraçou a proposta única do jogo.

Desde então, a franquia se tornou uma das mais importantes da Nintendo, especialmente no cenário moderno com o sucesso estrondoso de Animal Crossing: New Horizons para o Nintendo Switch.

O episódio ilustra como decisões desafiadoras e apostas aparentemente arriscadaspodem se transformar em sucessos globais duradouros. A dedicação da equipe de localização foi essencial para que a série saísse dos limites culturais do Japão e se tornasse universal.

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