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GTA e o foco em cidades icônicas dos EUA

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GTA e o foco em cidades icônicas dos EUA — Rockstar descarta cenários internacionais para GTA, reforçando o foco em cidades icônicas dos EUA e cultura ocidental.

Durante anos, os fãs da franquia Grand Theft Auto imaginaram versões do jogo ambientadas fora dos Estados Unidos. Ideias ousadas, como um GTA ambientado no Japão, quase viraram realidade — mas não passaram de promessas.

Segundo um ex-desenvolvedor da Rockstar, as chances da série explorar territórios internacionais são mínimas. Com bilhões em jogo, a empresa prefere se manter nos cenários seguros e familiares da cultura americana.

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GTA e as fronteiras americanas

Rockstar Games sempre usou os Estados Unidos como base territorial para suas histórias de crime, sátira cultural e ambições narrativas. Cidades fictícias como Liberty City, Los Santos e Vice City — inspiradas em Nova York, Los Angeles e Miami — tornaram-se ícones e parte integrante da identidade da franquia.

Apesar disso, houve propostas internas para levar a franquia além das fronteiras norte-americanas. Conforme revelou Obbe Vermeij, ex-diretor técnico da Rockstar que trabalhou na empresa entre 1995 e 2009, diversas ideias chegaram a ser consideradas. Cidades como Rio de Janeiro, Moscou e Istambul foram cogitadas, mas o projeto mais avançado foi GTA: Tokyo.

Por um momento, existiu a possibilidade concreta de que um estúdio japonês assumisse o desenvolvimento de GTA: Tokyo, utilizando o código da Rockstar. No entanto, a empreitada acabou sendo engavetada, e o projeto nunca se concretizou.

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O peso da familiaridade: por que a América sempre vence?

Os motivos para a decisão de manter a série em solo americano não se limitam a decisões criativas. De acordo com Vermeij, a familiaridade global com as metrópoles dos EUA serve de âncora para a experiência do público.

“América é basicamente o epicentro da cultura ocidental. Mesmo quem nunca foi lá tem uma imagem mental dessas cidades,” explicou Vermeij em entrevista.

A Rockstar compreendeu que investir anos e bilhões em um projeto com ambientação exótica representaria um risco desnecessário. Em jogos que levam mais de uma década para serem desenvolvidos, mudar o cenário radicalmente pode alienar parte do público e ameaçar o retorno financeiro.

Esse posicionamento encontra paralelos em outros títulos de sucesso, como a franquia Fallout, que também permanece firmemente localizada nos Estados Unidos. Todd Howard, da Bethesda, já afirmou que a ambientação americana é parte essencial do tom sarcástico e ingênuo da série.

Volta a Vice City: nostalgia como estratégia

Enquanto os fãs especulam sobre os rumos da série, a confirmação de que Grand Theft Auto VI retornará à Vice City reforça a preferência da Rockstar por cidades americanas já conhecidas. O remake dessa versão fictícia de Miami traz novamente a estética ensolarada, as tramas de fundo criminoso e as críticas à sociedade moderna dos EUA.

Vice City retorna em GTA 6, referência à cidade de Miami (Créditos: Rockstar Games)Essas escolhas não apenas evocam familiaridade entre jogadores antigos como também apresentam uma nova geração ao ambiente cultural já testado e aprovado. Para a Rockstar, essa estratégia de retorno funciona como uma reatualização tecnológica e narrativa, sem necessariamente exigir inovação geográfica.

Dan Houser, cofundador da Rockstar, resumiu claramente essa filosofia ao destacar que GTA é inerentemente um produto da cultura americana. Ele relembrou GTA: London — único jogo da série principal a sair dos EUA — como um experimento válido, mas incompatível com a atual identidade da franquia.

Cidade global? Só nos sonhos dos jogadores

Apesar da vontade de alguns fãs por uma ambientação mais ousada e internacional, Vermeij e Houser são claros: o DNA de GTA está enraizado nos Estados Unidos. A ambientação americana está integrada não só nas paisagens e mapas, mas também na narrativa, no humor e nos temas centrais que o jogo explora.

“Você não precisa necessariamente de um lugar novo. As mudanças tecnológicas já transformam a experiência,” disse Vermeij, explicando por que revisitar locais como Liberty City ou Los Santos jamais significaria repetir as mesmas experiências anteriores.

GTA: Tokyo perdeu força devido à dificuldade de traduzir aspectos culturais, de infraestrutura e até de trânsito para um formato que funcionasse dentro da lógica da série. Além disso, há a questão prática de se trabalhar com times externos sem garantir o mesmo padrão de qualidade da Rockstar.

E o futuro da franquia?

Com GTA 6 já em desenvolvimento e Vice City de volta ao mapa, o ciclo de cidades americanas continua — e, segundo os desenvolvedores por trás do legado da franquia, tende a se repetir. Além de Miami (Vice City), especula-se que futuros títulos possam voltar a revisitar Las Vegas (em uma possível reinterpretação de Las Venturas) ou até mesmo expandir Liberty City ou San Andreas.

Enquanto isso, o impacto da série na percepção cultural de cidades norte-americanas é tão significativo que inspirou até um curso de história numa universidade nos EUA. Em 2026, a Universidade do Tennessee lançará uma disciplina dedicada a estudar o papel histórico do GTA na construção da visão global sobre os Estados Unidos contemporâneos.

Essa constatação apenas reafirma: Grand Theft Auto é mais do que um jogo — é, hoje, um espelho (e uma crítica) da vida americana, e dificilmente abandonará esse papel tão cedo.

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