A repercussão negativa ao redor de Assassin’s Creed Shadows surpreendeu até mesmo a Ubisoft. A escolha do samurai negro Yasuke como protagonista desencadeou críticas que ultrapassaram o debate sobre gameplay, mergulhando em questões ideológicas e históricas.Diante da pressão, a Ubisoft adiou o lançamento do jogo de novembro de 2024 para março de 2025, buscando não apenas polimento técnico, mas uma reorientação da narrativa pública em torno do título.
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A polêmica e seu impacto direto
Assim que Assassin’s Creed Shadows foi anunciado, as redes sociais registraram um movimento intenso de controvérsia. O foco não estava no que o jogo apresentava como mecânica ou inovação, mas, sobretudo, na escolha narrativa. A inclusão de Yasuke, uma figura histórica real pouco conhecida do público geral fora do Japão, gerou um intenso debate sobre representatividade, realismo e papel da ficção nos games AAA.As críticas ultrapassaram fóruns especializados e chegaram até grandes figuras públicas, como Elon Musk, que usou sua influência para polemizar nas redes. A Ubisoft, percebendo que a recepção pública deixava de lado a experiência do jogo em favor de debates ideológicos, entendeu que precisava agir estrategicamente.
Reação da Ubisoft e a mudança de foco
Durante apresentação na Paris Games Week, o CEO Yves Guillemot revelou um vídeo interno inédito que detalhava o processo de resposta da empresa à situação. Segundo ele, a Ubisoft compreendeu que precisava parar de tentar convencer os críticos mais vocais e, em vez disso, revitalizar seu elo com os fãs da franquia.A decisão de adiar o lançamento serviu a dois propósitos principais:
- Tempo para aperfeiçoamento técnico, com foco em polimento de bugs e testes adicionais;
- Reposicionamento de marca, reforçando os elementos clássicos da série, como stealth, lore e ambientações detalhadas.
Esse intervalo permitiu à equipe mostrar mais do jogo antes do lançamento, compartilhando trailers, vídeos de bastidores e aprofundamentos que relembrassem ao público o que está no cerne da experiência Assassin’s Creed.
Estratégias para reconstruir a confiança
A resposta pública foi cuidadosamente planejada. Em um respeitável movimento de relações públicas, a Ubisoft buscou apoio de sua base fiel de fãs disposto a defender a diversidade e inovação da franquia.
As ações incluiram:
- Apresentação de conteúdos narrativos pré-lançamento;
- Ênfase em elementos históricos bem fundamentados de Yasuke, conectando a ficção à realidade;
- Exaltação de tropos consagrados da saga, como o salto de fé e o retorno ao foco furtivo.
A atuação clara e transparente da Ubisoft resultou em mudança de tom nas redes e em fóruns especializados. Discussões passaram a girar em torno da jogabilidade, do enredo e da fidelidade estética e histórica do jogo.
Outras decisões corporativas influenciadas
O adiamento de Shadows não aconteceu de forma isolada. Segundo relatos do Insider Gaming, à época, a Ubisoft também decidiu cancelar um projeto de Assassin’s Creed ambientado no período pós-Guerra Civil nos Estados Unidos. O jogo, ainda em fase inicial de desenvolvimento, traria como protagonista um ex-escravizado, mas foi visto como arriscado demais dentro do atual cenário político norte-americano.Esse cancelamento levanta questionamentos sobre como empresas de games navegam temas sensíveis e questões culturais sem comprometer suas metas comerciais.
Resultados pós-lançamento
Apesar do turbilhão prévio, Assassin’s Creed Shadows estreou em março de 2025 com vendas “dentro das expectativas”, segundo divulgação da Ubisoft em julho. Foram mais de 5 milhões de unidades comercializadas, marcando uma recuperação sustentável da imagem pública do título e da franquia.As mudanças implementadas garantiram à comunidade algo importante: sentir que o DNA da série se manteve intacto, ao mesmo tempo em que abraçava caminhadas narrativas ousadas. Shadows passou a ser visto não como um desvio, mas como uma expansão coerente das possibilidades históricas da saga.
Reflexão e legado
A situação enfrentada por Assassin’s Creed Shadows define um novo capítulo nos desafios enfrentados por grandes franquias ao tentar equilibrar inovação, identidade de marca e contexto sociopolítico.Como afirmou Guillemot, a Ubisoft optou por parar de alimentar disputas e focou em ativar sua comunidade e valorizar seu legado. Essa abordagem, finalmente, transformou o que poderia ser um desastre em uma recuperação bem-sucedida de imagem e aderência de público.
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