Endacopia é um point and click que desafia toda a lógica e compreensão logo nos primeiros momentos. Com traços visuais e narrativos bizarros, ele remete a uma época da internet onde mistério e desconforto se encontravam em conteúdos como Petscop.
Ainda restrito a uma demo gratuita no Itch.io, o jogo já chama a atenção como um herdeiro espiritual dessa lenda esquecida da web. Suas escolhas de design e narrativa confusa são o principal atrativo.
O que você vai ler neste artigo
Semelhança com a estética de Petscop
Assim como a obra de Tony Domenico, Endacopia não tem intenção de explicar-se. O jogo se desenvolve em um mundo desordenado, onde lógica e realidade coexistem em tensão constante. O protagonista, uma criança chamada Mellow, acorda em um quarto que, à primeira vista, se assemelha ao seu — mas logo tudo se revela estranho.
Essa ambientação desorientadora, somada a interações esquisitas com objetos e criaturas, evoca o mesmo clima de Petscop. As similaridades não param no tom misterioso. Há também:
- personagens falantes absurdos, como uma placa com boca;
- criaturas grotescas e intrigantes, como Henry, o lagarto de pano;
- elementos simbólicos que resistem à interpretação tradicional.
Um horror guiado pelo nonsense
Apesar das camadas de estranheza, Endacopia apresenta uma mecânica bem definida: os puzzles seguem uma lógica interna que, mesmo absurda, pode ser compreendida com observação e tentativa. É um caos que faz sentido, e talvez esteja aí o ponto mais assustador.
Há também momentos de combate bizarro, como o confronto com um relógio antropomórfico que literalmente tenta matar o jogador. Essa mistura de combate com exploração e quebra-cabeças reforça o clima instável, onde nada é previsível.
A ambientação sonora, minimalista e com efeitos inesperados, contribui para manter o jogador em constante desconforto — uma característica invejável do gênero de terror psicológico.
Estilo visual e simbolismo desconcertante
A escolha visual é fundamental para o impacto de Endacopia. Cores vibrantes e traços infantis contrastam com o conteúdo sombrio, criando uma dissociação inquietante. É como assistir a um desenho infantil distorcido por um pesadelo coletivo.
Em um dos momentos mais simbólicos, um bloco de carne consciente esconde-se atrás de um quadro infantil porque "é confortável". Essa resposta absurda funciona perfeitamente no universo do jogo, mas causa desconforto em quem joga — justamente por não seguir padrões racionais.
Interatividade e narrativa fragmentada
Ao mesmo tempo que o jogo se propõe como uma aventura point and click, ele rejeita qualquer narrativa tradicional. As informações vêm em fragmentos embaralhados, muitas vezes dadas por personagens não confiáveis ou por ações que não fazem sentido lógico — como girar em uma cadeira para abrir um duto.
Porque as interações são altamente metafóricas ou simbólicas, o jogador precisa confiar em sua intuição. Esse aspecto reforça a comparação com Petscop, que explorava temas como trauma e memórias reprimidas através de metáforas visuais e glitches.
Perspectivas para o futuro
Atualmente, Endacopia está em fase de pré-lançamento, com o criador AndyLand atualizando a página na Steam com a promessa de chegada próxima. A demo atual serve como um vislumbre poderoso do seu potencial como cult game.
Além da demo, o projeto também possui uma campanha no Kickstarter e um canal no YouTube, onde trechos misteriosos e teasers adicionam ainda mais camadas ao universo desconexo. Tudo isso posiciona Endacopia como um título promissor para fãs de experiências atmosféricas, perturbadoras e não-lineares.
Endacopia não é só um jogo — é um exercício de desconstrução da lógica, embrulhado em humor absurdo e horror psicológico. E, ao fazer isso, ele carrega muito bem o legado da bizarrice provocante de Petscop.
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