A saída inesperada de Jade Raymond do Haven Studios levantou questionamentos sobre o futuro do projeto Fairgames. O jogo, que seria lançado ainda este ano, agora tem previsão para 2025, após testes externos receberem críticas negativas.
A decisão vem em meio à dificuldade da Sony em consolidar sua presença no segmento de jogos como serviço, mesmo após diversos investimentos e a criação de novos estúdios voltados ao gênero.
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O impacto da saída de Jade Raymond
A saída repentina de Jade Raymond, fundadora do Haven Studios, aconteceu semanas após um teste externo de Fairgames, cujo resultado preocupou tanto os líderes da PlayStation quanto os desenvolvedores envolvidos. De acordo com fontes ouvidas pela Bloomberg, a equipe não recebeu uma explicação clara para sua saída, o que agrava o clima de incerteza.
Raymond fundou o estúdio em 2021, logo após deixar o Google Stadia, e rapidamente firmou uma parceria com a Sony. O título Fairgames foi anunciado como um dos primeiros frutos dessa aliança, com a promessa de entregar uma experiência “sandbox emergente” focada em confrontos PvP com temática de assaltos elaborados em time.
Entretanto, a recepção aos testes iniciais sinalizou problemas de progressão e jogabilidade. Com isso, o jogo passou a enfrentar desafios tanto criativos quanto técnicos, culminando no adiamento para 2025.
Sony e os obstáculos nos jogos como serviço
O caso de Fairgames se soma a outros reveses enfrentados pela Sony em sua estratégia de apostar fortemente em jogos como serviço (live service). Apenas em 2024, a companhia cancelou pelo menos dois projetos do tipo: um desenvolvido pela Bend Studio, criadora de Days Gone, e outro pela Bluepoint Games, responsável pelo remake de Demon's Souls.
Além disso, Concord — outro shooter live service — teve seu ciclo encerrado poucos dias após o lançamento oficial, ainda no final de 2023, sugerindo sérios desencaixes entre expectativas e entrega final. Mesmo títulos aguardados, como Marathon, da Bungie, também enfrentam críticas, inclusive relacionadas à acusação de plágio em seus assets gráficos.
Os cancelamentos e adiamentos reiteram uma dificuldade concreta da Sony em competir com gigantes já estabelecidos nesse nicho, como Apex Legends ou Fortnite, apesar dos investimentos significativos no segmento.
A estratégia da Sony frente a um mercado competitivo
Apesar dos problemas, a Sony mantém seus planos para novas investidas no modelo de live service. Uma de suas últimas apostas é a criação do estúdio TeamLFG, com sede em Bellevue, Washington. A nova equipe está focada em desenvolver uma experiência live service inédita, embora poucos detalhes tenham sido divulgados até agora.
A resposta da empresa à saída de Raymond reafirma o compromisso com a Haven Studios, agora sob liderança de Marie-Even Danis e Pierre-François Sapinski. A Sony afirma estar empolgada para continuar a jornada com ambos, sem mencionar alterações substanciais na visão original de Fairgames.
Entretanto, o contexto indica que a companhia estará sob vigilância rigorosa dos fãs e da indústria ao tentar transformar suas promessas em produtos que realmente sustentem comunidades ativas e engajadas a longo prazo — algo que poucos jogos como serviço conseguem alcançar com sucesso.
Incógnitas e expectativas em torno de Fairgames
Apresentado oficialmente em 2023, Fairgames trazia uma proposta promissora dentro de um gênero competitivo — o de heist shooters PvP com elementos sandbox. A ideia de reunir mecânicas de infiltração, cooperação em equipe e loot em um ambiente de extração atraente elevou as expectativas antes mesmo dos primeiros trailers.
Contudo, os maus resultados dos playtests colocaram em xeque tanto a execução do conceito quanto a estabilidade técnica do jogo. Desenvolvedores afirmaram estar preocupados com a forma como as mecânicas foram recebidas, indicando falhas no ritmo de evolução do projeto. Detalhes sobre essas críticas não foram especificados, mas a resposta foi direta: o adiamento.
Apesar disso, ainda há a possibilidade de que, com tempo adicional e nova liderança, Fairgames consiga contornar seus problemas atuais e alcançar um patamar de qualidade competitivo. A pressão, porém, será elevada — em especial após uma sequência de apostas frustradas por parte da Sony no gênero.
Considerações sobre o cenário atual e futuro
Neste momento, a situação da Sony em relação ao mercado de jogos como serviço é de fragilidade. Entre adiamentos, cancelamentos e polêmicas, o desafio é consolidar pelo menos um título de peso que possa rivalizar com as grandes franquias do setor.
Fairgames, embora atualmente em crise, ainda pode representar uma peça importante desta equação, desde que suas falhas sejam reconhecidas e corrigidas até o lançamento. A movimentação estratégica da Sony, incluindo novos estúdios e parcerias, demonstra uma intenção clara de seguir investindo nesse segmento.
Mas, diante dos recorrentes tropeços, será preciso mais do que boas ideias: será necessário mostrar capacidade de execução, adaptação ao feedback dos jogadores e constância. É essa nova fase de sinceridade e reconstrução que Fairgames terá que enfrentar para se provar em um mercado cada vez mais exigente.