Escolhas morais podem alterar sua classe em Baldur’s Gate 3

No universo moralmente complexo de Baldur’s Gate 3, o que parece a escolha certa pode, na verdade, trazer consequências inesperadas. Jogadores atentos descobriram que até mesmo atos aparentemente bondosos podem custar caro — especialmente para certas classes com juramentos rígidos.

Durante uma cena opcional no Ato 1, uma decisão envolvendo os pais da jovem Arabella pode alterar drasticamente o rumo do seu personagem, caso você esteja controlando um paladino do Juramento de Vingança.

A escolha errada pela razão certa

Quando Arabella morre após um ataque letal provocado por uma serpente sob comando dos druidas, uma sequência posterior pode ocorrer no acampamento. Lá, os pais da garota planejam matar silenciosamente Kagha, a responsável pela tragédia. O jogador então tem a chance de interferir, podendo persuadi-los a não cometer o assassinato.

À primeira vista, impedir vingança com base em valores morais parece a decisão mais justa ou honrosa. Porém, para um paladino que jurou buscar retribuição contra aqueles que causam injustiça, essa escolha benevolente é encarada pelo próprio sistema do jogo como uma violação de juramento. O personagem é imediatamente transformado em um "Perjurador" (ou Oathbreaker), com penalidades e consequências específicas.

As implicações de se tornar um perjurador

Ser um paladino perjurador não é uma simples alteração estética. Isso muda radicalmente a progressão do personagem, resultando em novas habilidades sombrias, modificações em suas magias e até um encontro extracampo com um NPC que pode permitir a troca para essa nova senda — mediante custo em ouro e moralidade.

Esse sistema evidencia a profundidade das mecânicas narrativas de Baldur’s Gate 3. Ao contrário de outros RPGs, onde decisões éticas seguem padrões binários, aqui elas são interpretadas com base na filosofia única da classe escolhida. Paladinos do Juramento de Vingança não juraram bondade — juraram punição.

Moralidade personalizada por classe

A escolha do juramento no início da campanha não representa apenas um ideal abstrato. As ações do jogador passam a ser julgadas sob esse código específico. Assim, decisões que seriam vistas como nobres para um clérigo ou um druida, podem ser uma falha catastrófica para um paladino vinculado a uma promessa rígida.

O sistema de Baldur’s Gate 3 permite que cada classe reaja de forma particular aos mesmos eventos, o que gera diferentes caminhos de acordo com o ponto de vista adotado. A fidelidade ao juramento é constantemente colocada à prova — e romper com ele significa encarar a responsabilidade narrativa do erro.

O detalhe que enriquece a narrativa

Embora a cena com os pais de Arabella seja opcional e facilmente ignorada, ela demonstra o cuidado da Larian Studios em esconder eventos marcantes em situações discretas. Essa atenção aos mínimos detalhes contribui diretamente para a imersão e rejogabilidade do título, onde cada fala pode ter impacto notável.

Este episódio deixa claro que, no mundo de Baldur’s Gate 3, naturalmente guiado por regras de RPG de mesa como Dungeons & Dragons, a intenção não é suficiente. O que vale, em última instância, é a coerência com sua classe — mesmo que isso signifique permitir atos de vingança para preservar sua fé.

Um sistema que castiga ou ensina?

Esse momento marcante serve como alerta para jogadores que desejam experimentar o título respeitando os parâmetros morais da classe escolhida. E mais do que isso: reforça uma das maiores virtudes do game — suas escolhas têm consequências, e nenhuma rota é segura apenas por parecer correta.

Mesmo atitudes bem-intencionadas podem ter desfechos duros. O jogo não apenas recompensa ações táticas e combates bem executados, mas também desafia o jogador a refletir sobre os limites entre justiça e moralidade em contextos extremos. Isso faz de Baldur’s Gate 3 uma experiência rica, desconfortável e surpreendentemente humana.