Na tarde de 14 de agosto de 1945, uma das imagens mais marcantes do século XX foi registrada em Times Square, Nova York. Captada pelo fotógrafo Alfred Eisenstaedt, a cena mostrou um marinheiro beijando uma enfermeira em meio à celebração do fim da Segunda Guerra Mundial.
Por décadas, o retrato foi visto como um símbolo de alívio, paixão e liberdade. No entanto, os relatos posteriores da mulher envolvida revelaram uma perspectiva muito mais complexa e controversa.
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A foto e o contexto da vitória
Com a rendição oficial do Japão, milhares de pessoas tomaram as ruas para comemorar o fim do conflito que devastou o mundo por seis anos. Naquele dia, Times Square tornou-se o palco de um momento histórico que viria a ser publicado na revista Life.
A imagem mostra George Mendonsa, um marinheiro norte-americano, inclinando-se sobre Greta Zimmer Friedman, uma assistente odontológica vestida de branco, em um gesto que, por muitos anos, foi romantizado.
O outro lado do retrato histórico
Greta Friedman revelou anos depois que sequer conhecia o homem que a beijou. Em entrevistas, explicou que não foi um beijo consentido, mas sim um gesto impulsivo de um desconhecido empolgado com o fim da guerra. “Fui agarrada”, declarou ela em 2005, em um depoimento que mudou a maneira como a foto passou a ser vista.
Para Friedman, aquilo não foi um ato romântico. Ela descreveu o momento como uma surpresa, ocorrida sem seu consentimento e diante de uma multidão. Segundo ela, o homem a beijou “com força”, e sua reação foi de estupor.
A repercussão e resignificação da imagem
À medida que a sociedade passou a debater questões como consentimento e abuso, a imagem famosa ganhou um novo significado. O que antes era considerado um gesto de exaltação amorosa, passou a ser reavaliado sob a luz do respeito à autonomia das mulheres.
A própria revista Life, que publicou originalmente a fotografia, reconheceu anos depois a complexidade da cena. O novo entendimento não anula a importância histórica do fim da guerra, mas questiona como certos símbolos se perpetuam sem considerar todas as vozes envolvidas.
Além disso, movimentos feministas destacaram o caso como um exemplo de como estruturas sociais normalizam comportamentos invasivos sob a justificativa de celebração.
Identificação dos protagonistas
Somente décadas depois a identidade dos dois protagonistas foi confirmada. George Mendonsa e Greta Friedman foram uma entre diversas duplas apontadas ao longo dos anos. Com testes fotográficos e relatos consistentes, os dois foram reconhecidos oficialmente em 2012 como os verdadeiros personagens da foto.
Enquanto Mendonsa morreu em 2019, Friedman faleceu três anos antes, em 2016, aos 92 anos. Ela viveu parte da vida tentando explicar que o gesto registrado não foi fruto de romance, mas de um impulso.
Legado e discussão atual
Hoje, a foto continua sendo exibida e lembrada em exposições e publicações. Em 2019, uma réplica da icônica imagem em forma de estátua instalada em Sarasota, na Flórida, foi alvo de protesto. Alguém pichou nas pernas da personagem feminina a frase “#MeToo”, relembrando o movimento de combate a abusos sexuais e destacando a crítica à falta de consentimento no gesto retratado.
Esse episódio reacendeu o debate sobre a permanência ou não de representações que desconsideram contextos problemáticos associados à agressão ou à invasão de espaço pessoal.
A fotografia imortalizou um instante de euforia global, mas também simbolizou uma experiência desconfortável para a mulher ali envolvida. Conforme a sociedade reexamina seus símbolos, a história por trás da imagem ganha camadas mais profundas de compreensão e análise crítica.
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